Os dirigentes dos principais grupos de Carnaval continuam com opiniões divididas quanto ao papel da Liga Independente dos Grupos Oficiais do Carnaval de São Vicente (LIGOC-SV). No meio de críticas e reparos, David Leite (Samba Tropical) defende que a organização ainda está numa fase embrionária e que os ganhos virão com o tempo.
Quase dois anos após a oficialização da LIGOC-SV, as opiniões dos grupos em torno da organização continuam divididas. Em declarações prestadas ao A NAÇÃO, nas vésperas do desfile oficial de Carnaval, os diversos grupos, através dos seus dirigentes, deixaram algumas críticas, tendo em vista a melhoria da LIGOC.
Patcha Duarte, presidente do Monte Sossego, diz que o seu grupo apoiou “incondicionalmente” a criação da LIGOC-SV, pois, fazia falta uma organização independente para regular o Carnaval em São Vicente. Contudo, revela que actualmente o problema da LIGOC passa pela liderança.
“Só que existe um líder e muitas vezes o parecer enviado pelo conselho deliberativo pode não ser vinculativo. O que tem acontecido é que a liderança da liga não tem tido uma postura firme em relação a várias questões no cenário novo do Carnaval”, diz Patcha Duarte.
A seu ver, o regulamento do Carnaval deve ser igual para todos e o não cumprimento dessa máxima tem sido o factor primordial para a criação da tensão dentro da LIGOC-SV.
Lili Freitas Fortes, presidente dos Vindos do Oriente, aponta na direcção do tempo, ou melhor, na falta dele. É que, segundo esta responsável, o Carnaval tem sido discutido dois a três meses antes do desfile oficial.
“São vicente tem um povo e uma origem que devem ser respeitados. O erro do Carnaval de são vicente e a origem de todos estes conflitos é simplesmente porque não há tempo para discutir o Carnaval, quando temos uma liga que deve reunir-se pelo menos uma vez por mês. Devemos escutar o povo, porque é ele quem sustenta o Carnaval”, argumenta Lili Freitas.
Trabalho tende a melhorar
O presidente dos Cruzeiros do Norte, Jailson “Juff, diz-se satisfeito com o trabalho da LIGOC-SV, pois, desde a sua entrada em cena, já foram registadas algumas melhorias. Entretanto, reconhece que ainda há muito a melhorar, a começar pela desigualdade financeira entre os grupos e uma afirmação da liderança.
“O que acontece é que temos grupos que se sentem poderosos e querem impor as suas leis. Não é certo que um grupo num ano decide não sair e no outro já pode sair sem nenhuma penalização. Ficamos obviamente descontentes com esta decisão da liga, mas aceitamos porque para nós, o mais importante é o bem do carnava de São Vicente”, avança Jailson.
David Leite, presidente da Escola de Samba Tropical, sai em defesa da LIGOC-SV, dizendo que ela ainda está numa fase embrionária e que, com o tempo, terá um “corpo muito mais robusto”.
Quanto aos problemas entre os grupos, revela que esses sempre existiram, sendo que, anteriormente, a Câmara Municipal era a “vilã” da história.
“Quando há uma certa organização há sempre uma resistência. Quando temos uma mudança em qualquer área da sociedade isto gera uma certa tensão até a sociedade civil começar a entender qual o objectivo destas mudanças.
O que acontece é que a LIGOC é uma associação independente com o objectivo de defender interesses comuns dos grupos, o que não era habitual antigamente”, sustenta.
A NAÇÃO procurou ouvir o presidente da LIGOC-SV, Marco Bento, para dizer da sua verdade diante dos factos aqui apresentados, mas, até o dia do fecho desta edição, não foi possível.
JF/NA
(Publicado no A NAÇÃO impresso, nº 651, de 20 de Fevereiro de 2020)
Carnaval em São Vicente: Grupos continuam divididos quanto ao papel da LIGOC
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