PUB

Desporto

Selecção Nacional de Futebol: Nelito Antunes reclama salários em atraso e FCF fala em falta de comprovativos na contabilidade

Nelito Antunes, antigo adjunto dos Tubarões Azuis, reclama da Federação Cabo-verdiana de Futebol (FCF) o pagamento de dívidas referentes a salários de 2017. O presidente Mário Semedo admite que a dívida prende-se com a falta de documentos comprovativos na contabilidade.  
Ao início desta semana o antigo treinador-adjunto da selecção nacional de futebol, Nelito Antunes, trouxe à ribalta a existência de uma dívida por parte da FCF, referente ao período em que esteve ao serviço do organismo. 
A dívida, que inicialmente equivalia a nove meses de salários (540 mil escudos), foi sendo saldada aos poucos até que ficou a faltar apenas um mês. 
“As dívidas foram constantes e vêm desde o início, com o antigo presidente, Victor Osório. Depois que Osório foi destituído, Mário Avelino “Donnay”, pagou-nos dois meses e a actual direcção, liderada por Mário Semedo, pagou-nos mais seis meses. Eu recebi 360 mil escudos (seis meses), através da Caixa Económica de Cabo Verde”, diz Nelito Antunes.
Pelas contas apresentadas pelo nosso entrevistado, neste momento a dívida salarial, ao que tudo indica, equivale a 60 mil escudos. A isso Nelito fez questão de acrescentar mais duas “semanadas” (atribuído a todos na caravana da selecção – cerca de 20 mil escudos por semana) e valores referentes ao terceiro lugar conseguido nos jogos de apuramento para o Mundial 2018. 
Falta de comprovativos
Procurado pelo A NAÇÃO, o presidente da FCF, Mário Semedo, reconheceu que quando entrou no novo mandato à frente do organismo, encontrou essa dívida. Assim a FCF procedeu ao pagamento de seis meses, ficando apenas um mês por pagar.
“Isto só prova de facto a boa fé e o esforço desta direcção para resolver a situação. Assim que entrámos pagámos seis meses. Neste momento, há uma reclamação em relação a um mês, mas que, por falta de documentos na contabilidade e por falta de informação não foi pago”, diz Mário Semedo.
Semedo revela que a FCF demandou ao seu secretário-geral para apurar a situação de modo a que possa vir a ser resolvido assim que possível, mas o processo tende a demorar.
“Inclusivamente no mês de Novembro recebemos um elemento da equipa técnica, falamos com ele claramente perante o secretário-geral. Foi esclarecido que de facto faltava um mês e assumimos que iamos pagar e estamos num processo de normalização daquela situação, mas depois de certificarmos junto da direcção financeira e contabilidade. A federação é auditada e não pode pagar coisas à toa”, argumenta.
Além de Nelito Antunes, o irmão Lúcio Antunes (antigo seleccionador nacional) e os adjuntos, Nando e Bera e Rui Leite estão na mesma situação. Contudo, os restantes elementos do staff técnico têm assumido uma postura diferente. O antigo capitão da selecção, Nando, abordado pelo A NAÇÃO, reconheceu que de facto há essa dívida, mas que prefere resolver o assunto em sede própria, pelo respeito a sua ligação à selecção nacional.
Comitiva da selecção terá sido roubada em Burquina Faso
Um outro assunto que marca esta polémica entre Nelito Antunes e a FCF prende-se com um alegado roubo que a comitiva da selecção nacional terá sofrido em Burquina Faso em 2016. Na altura, Cabo Verde estava a disputar a qualificação para o Mundial 2018. 
“Foram-me roubados do quarto do hotel em Burquina Faso cerca de 140 euros e eu não fui o único. Outros elementos da comitiva também foram alvo de roubos”, diz Nelito.
Face aos roubos, a selecção tinha decidido em não jogar a partida, mas por insistência de dirigentes da federação os jogadores mudaram de ideia. Segundo Nelito, a FCF convenceu a comitiva a jogar, pois esta iria encarregar-se de repor os valores roubados.
“Esse episódio grave nunca foi revelado por qualquer responsável da FCF. O meu quarto e a maioria dos jogadores foram roubados e vandalizados. Contudo, nunca nos devolveram esse dinheiro”, diz.
Quanto a este facto, Mário Semedo diz não ser do seu conhecimento e que um eventual roubo num hotel fora do país nada tem a ver com a federação que dirige. 
Este responsável fala numa campanha levada a cabo por Nelito Antunes para denegrir a imagem da FCF e dos seus dirigentes, mas que não irá tolerar. Em sede própria, a reacção de Semedo não deverá tardar. Quem também promete recorrer aos tribunais para fazer valer os seus direitos é Nelito Antunes.
JF
(Publicado no A NAÇÃO impresso, nº 650, de 13 de Fevereiro de 2020)

PUB

PUB

PUB

To Top