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Economia

Transportes Aéreos: CVA, novo poço sem fundo?

A Cabo Verde Airlines (CVA), sucessora da TACV, está a revelar-se um poço sem fundo, em matéria de necessidades financeiras junto do Estado para poder sobreviver.
Em vez de trazer capital fresco e 12 aviões para a TACV/CVA, como prometera o então ministro José Gonçalves, a Icelandair (detentora de 51% do capital da actual companhia aérea cabo-verdiana, CVA) fala agora na necessidade de um empréstimo de longa duração como condições para poder ter lucro em 2021.
Isto depois de ter contraído, no ano passado, um crédito de 22 milhões de euros, com o aval do Estado cabo-verdiano. O acordo para a referida linha de crédito foi assinado em Julho, com o Banco Internacional de Cabo Verde (BICV) e com o Ecobank.
Na altura, o Governo esclareceu que o aval “cobre responsabilidades de até 10,78 milhões de euros” do empréstimo, parcela representativa dos 49% do capital social que o Estado detém na antiga empresa Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV), actualmente designada CVA.
Mas agora, conforme o relatório com as demonstrações financeiras consolidadas do exercício de 2019, o grupo Icelandair anunciou que a CVA deverá apresentar resultados positivos em 2021, mas, para isso, precisa de contrair um “financiamento de longo prazo”, de novo “suportado” ou avalizado pelo Estado.
Segundo a Lusa, a Icelandair refere que de acordo com o plano de negócios da CVA, são esperados prejuízos “nos primeiros dois anos após a aquisição” e lucros em 2021. Ainda assim, e sem quantificar, o documento também aponta que os resultados operacionais da CVA no último trimestre de 2019 “ficaram abaixo das expectativas”.
“A CVA está à procura de financiamento de longo prazo. Se o financiamento de longo prazo não for garantido, isso poderá afetar negativamente a operação”, lê-se no relatório do grupo Icelandair, de 07 de Fevereiro, que identifica receitas oriundas da companhia de Cabo Verde no valor de 37,2 milhões de dólares (34 milhões de euros) e despesas de 1,1 milhão de dólares (um milhão de euros), em 2019.
Aquele grupo insiste que vê a aposta na CVA como “um projeto de desenvolvimento de longo prazo” e “acredita que há oportunidades” para transformar o país, através da companhia aérea, num ‘hub’ entre os continentes africano, americano e europeu, “e ao mesmo tempo desenvolver Cabo Verde como destino turístico”.
A contínua necessidade de injecção financeira pelo Estado é algo que começa a preocupar vários sectores da sociedade cabo-verdiana. Nas redes sociais essa apreensão é visível.
“Em menos de um ano, um segundo grande empréstimo a ser avalizado pelo Estado de Cabo Verde?”, pergunta, por exemplo, Manuel Amante da Rosa, diplomata reformado, para quem o melhor será a Icelandair abordar “os bancos islandeses” para o empréstimo de que agora se fala. 
DA
(Publicado no A NAÇÃO impresso, nº 650, de 13 de Fevereiro de 2020)

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