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Política

Joaquina Almeida não cede: Nem Conselho Nacional nem Congresso da UNTC-CS

A UNTC-CS reuniu o seu Secretariado Nacional nos passados dias 6 e 7 de Fevereiro, no Mindelo, para, entre outros pontos, fazer o ponto da situação da manifestação organizada pelos sindicatos apoiados por essa central sindical, no passado 13 de Janeiro. Um outro item era definir o programa de acção para o presente ano.
A NAÇÃO conseguiu apurar que, durante a reunião, a questão da necessidade de reunião do Conselho Nacional, bem como do congresso, foi levantada, mas Joaquina Almeida, secretária-geral, não deu sinais de convocar esses órgãos.
Diante disso, A NAÇÃO sabe que alguns dirigentes estão em concertação para tomarem uma posição pública. Segundo o nosso interlocutor, este posicionamento está a depender da deliberação que saiu no final do encontro, mas que, até o fecho desta edição, não tinha chegado às mãos dos participantes.
Membros excluídos
Entretanto, ainda relativamente ao encontro da semana passada, dois membros do Secretariado Nacional da UNTC-CS alegam que foram excluídos da reunião, supostamente, por divergência com a actual liderança da Central. São os casos do presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Boa Vista (SBTV), Alcino Barros, e líder do Sindicato dos Trabalhadores da ilha do Maio.
“A UNTC-CS está a viver uma crise profunda”, diz Alcino Barros. “A actual liderança está a ser contestada pela esmagadora maioria dos sindicatos que estão filiados na UNTC-CS. Desde que foi eleita, em finais de 2016, nunca prestou contas”, acusa.
“O Conselho Nacional, que é o órgão máximo entre congressos, não se reúne desde 2017. E é este órgão que define as linhas estratégicas de orientação e de actuação da UNTC-CS, que aprova o plano anual de actividades e o orçamento”, acrescenta.
O líder do STBV lembra, a propósito, que existe um vazio no seio de alguns órgãos, situação denunciada por outros dirigentes no dossiê publicado pela anterior edição deste jornal.
“O presidente da mesa do Conselho Nacional, desde que faleceu, em 2017, não foi substituído. Os dois vice-secretários gerais se demitiram todos, também em 2017, e, até agora, ainda não foram substituídos”, denunciaaquele sindicalista.
Marginalizados
Alcino Barros diz que os líderes dos sindicatos filiados na UNTC-CS que contestam a actual liderança foram todos marginalizados. “Por ter deixado de pactuar com a actual situação em que a nossa central sindical se encontra, estou sendo excluído e marginalizado. Sou membro do Secretariado Nacional e do Conselho Nacional. A secretária-geral, enviou-me a convocatória e, de forma unilateral, quis impor-me as condições da minha deslocação. Como não aceitei, ela mandou dizer-me que, como o STBV está com quotas em atraso, já não podia participar mais na reunião. Isto é anti-estatutário, e é, sobretudo, abuso de poder”, desabafa.
Também Agostinho Silva, da ilha do Maio, aponta o mesmo tipo de problema. “Nós queríamos estar presentes no encontro de São Vicente, mas como a secretária-geral entende que ela deve fazer tudo a seu bel-prazer, não me convidou. É de lamentar o que se está a registar neste momento no seio da UNTC-CS”.
Agostinho Silva diz que, por discordar da liderança de Joaquina Silva, não foi a primeira vez que fica de fora de um encontro da direcção da central sindical, mas garantiu ao A NAÇÃO que vai “lutar até onde é possível” para “resgatar a UNTC-CS” e colocar a organização “na estrada de desenvolvimento”.
A crise por que passa, neste momento, a UNTC-CS é algo que já afecta a situação dos trabalhadores. Pois, como salienta, Alcino Barros, na Boa Vista, Joaquina Almeida tem procurado imiscuir-se nos assuntos internos do STBV, tentando “dividir e desestabilizar”, “quando a preocupação máxima deveria ser outra, a de unir todos para se poder fazer face aos problemas que vêm afetando os trabalhadores desta ilha e que são muitos, sobretudo nos grandes hotéis”.
A ausência da Inspeção Geral do Trabalho na ilha, assim como a morosidade da justiça laboral são alguns dos outros maiores constrangimentos que se verificam no dia-a-dia dos trabalhadores.
“Há uma precariedade laboral, com as empresas e usarem e abusarem do contrato a prazo, salários baixos, condições de trabalho precárias, deficiente cobertura em termos de segurança social”.
Silêncio de Joaquina Almeida
A situação do sindicalismo em Cabo Verde, com ênfase na crise por que passa a UNTC-CS, foi assunto de um vasto dossiê publicado no número anterior do A NAÇÃO. Várias vozes responsabilizam a secretária-geral, Joaquina Almeida, pela situação reinante, acusando-a de obstaculizar a convocação do Conselho Nacional e o Congresso, como forma de ultrapassar a crise e renovar os órgãos da UNTC-CS. Contactada também, Joaquina Almeida recusou-se a falar para este Jornal.
SM
(Publicado no A ANAÇÃO impresso, nº 650, de 13 de Fevereiro de 2020)
 

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