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Sociedade

São Vicente: Real Sociedade foi decisiva na eliminação dos gangues de Fernando Pó

Fernando Pó, zona da cidade do Mindelo cujo nome ninguém soube explicar a sua origem, foi um dos epicentros do fenómeno de gangues em São Vicente, cujas actuações deixaram marcas de temor e violência um pouco por toda a ilha. Actualmente é vista como uma comunidade tranquila e segura e parte desta mudança deve-se à Associação Desportiva, Recreativa e Cultural Real Sociedade, que actua no ramo do desporto, mas também com projectos sociais em prol dos jovens da comunidade.
A Associação Desportiva,  Recreativa e Cultural Real Sociedade surgiu como equipa de futebol, em 1987, mas acabou por morrer. 
O surgimento de “gangues” em São Vicente, com epicentro em Fernando Pó, fez reavivar os seus ideais, pelo que, inicialmente, foram criadas equipas de futebol juniores e também de basquetebol, como forma de apresentar uma nova opção de ocupação de jovens desempregados na localidade. 
Para o presidente da colectividade, Fredson Rosário, a Real Sociedade veio a revelar-se um caso de sucesso, ao conseguir tirar os jovens dos gangues e dar-lhes um novo propósito. 
Neste momento, a associação conta com jogadores em todas as esquipas da I Divisão de São Vicente. 
“Quer no Futebol, quer no basquetebol, já existem jogadores que saíram da Real Sociedade e que, neste momento, fazem a sua vida profissional no desporto”,  garantiu Fredson Rosário ao Jornal  A NAÇÃO. 
A partir de 2014, a agremiação aglomerou os demais escalões de tutebol e hoje conta com uma academia que acolhe perto de 90 crianças. Actualmente, há equipas de júniores e sub-20 no futebol feminino a participar em campeonatos regionais. 
“Este ano iniciamos com o andebol a nível sénior. No basquete, participamos no Campeonato Regional com equipas juniores”, explica Fredson Rosário. 
Solução válida 
Esta foi a forma que a Real Sociedade e outros parceiros em Fernando Pó, como o centro Espaço Jovem, por exemplo, encontraram para oferecer uma solução válida aos vários jovens da comunidade e, principalmente, mostrar às autoridades que existem outras alternativas que não apenas a reclusão, “da de pau e pô na cadeia”, segundo explica Fredson Rosário. 
Para além da vertente desportiva, a Real Sociedade tem também uma vertente social, através de apoio escolar aos seus atletas e de refeições quentes por altura dos campeonatos. 
As receitas da associação advêm de uma cota mensal paga pelo “reduzido” número de sócios, mais a exploração da placa desportiva, de onde se subtrai um cota mensal de 500 escudos, pagos pelos seus utilizadores. 
Nem Governo, nem Câmara Municipal 
A Real Sociedade conta igualmente com o apoio de um grupo de emigrantes em Portugal e no Luxemburgo, que enviam remessas de materiais. Em termos institucionais, apenas duas empresas privadas locais têm vindo a apoiar a iniciativa. 
Do Governo, lamenta Fredson Rosário, nunca receberam quaisquer ajudar e é com pesar que diz isso. 
“Pelo trabalho que desenvolvemos na comunidade e pelo que o desporto representa, deveríamos ser apoiados tanto pelo poder local, quanto pelo central, através do Ministério do Desporto”, considera, lembrando que todos os que estão à frente da associação possuem os seus próprios empregos. 
A associação conta, entretanto, com a colaboração de treinadores e professores da academia de futebol, muitos do quais não possuem um emprego, pelo que,  uma vez que não é possível pagar-lhes um salário, a agremiação gostaria de poder garantir-lhes uma gratificação como incentivo pelo trabalho que têm estado a fazer pelos jovens e crianças.  
Para este ano, dada a limitada capacidade financeira, está prevista a organização de um concurso de beleza cujas receitas arrecadas serão destinadas a aumentar o número de atletas que recebem apoio escolar. 
Está também em curso a construção de um centro equipado com computadores, onde os atletas poderão receber formação gratuita na área de informática, para além do livre acesso à internet para pesquisas académicas. 
Neste projecto, explica Fredson Rosário, a própria comunidade vai contribuir com uma pequena doação para ajudar no financiamento das despesas.
NA
(Ver mais no A NAÇÃO impresso, nº 646, de 16 de Janeiro de 2020)
 

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