PUB

Mundo

“Brexit”: União a 27 promete não ceder aos britânicos no Mercado Único 

O dia do “Brexit” passou, mas a palavra que entrou no Vocabulário Mundial, em 2016, não vai desaparecer. Depois da saída do Reino Unido da União Europeia (UE) abre-se a porta à negociação sobre a futura relação entre os 27 e o agora considerado País Terceiro. A contagem decrescente recomeça, desta vez para o fim do período de transição: 31 de Dezembro de 2020. Até lá, ou há acordo ou as trocas comerciais (uma das áreas mais sensíveis) estarão sujeitas às regras mais restritivas da Organização Mundial do Comércio (OMC). O fantasma do “Brexit” duro promete pairar sobre Londres e Bruxelas.
Na próxima segunda-feira, 3, o francês Michel Barnier (principal negociador do “Brexit” e o europeu responsável pela próxima fase do diálogo) vai apresentar aos “media” as directivas que vão basear as negociações do lado dos 27.
O Primeiro-Ministro britânico, Boris Johnson, também deverá anunciar quais são os objectivos britânicos na próxima semana, centrado na ideia de um Acordo Comercial com “tarifas zero e quotas zero”.
A principal Directiva Europeia é a defesa do Mercado Único, repetindo-se da parte de vários líderes da UE a ideia de que quanto mais o Reino Unido quiser afastar-se das regras europeias menos acesso terá ao Mercado Único de cerca de 440 milhões de consumidores.
 
Força das negociações
Os 27 insistem na ideia de que a “União” será a sua força nas negociações. “Queremos ter a melhor relação possível com o Reino Unido, mas nunca será tão boa quanto a de ser um membro”, disse a presidente da Comissão Europeia, Úrsula von der Leyen, reiterando que “existe força na União”.
O Reino Unido irá tentar jogar com a divisão entre os Estados membros e a ameaça de um “Brexit” duro, para procurar uma abertura à cedência – países como França, Bélgica ou Dinamarca vão estar preocupados com o acesso às águas britânicas, por causa da pesca, enquanto a Alemanha e os países do Leste vão estar mais atentos à Indústria Automóvel.
A chanceler alemã, Angela Merkel, falou em negociações “intensivas” com os britânicos, lembrando que a UE vai defender os seus interesses, especialmente no que diz respeito à integridade do Mercado Único.
“Muito vai depender do Reino Unido. Quanto mais se afastar das condições do Mercado Único, mais a nossa futura relação terá de mudar”, alertou Merkel.
Será esse o principal problema das negociações, já admitiram os britânicos. Na sexta-feira, 31 de Janeiro, Michael Gove (que é uma espécie de número dois de Johnson) disse à BBC: “Queremos que o Comércio decorra com o menos atrito possível, mas a UE é clara: só podemos ter um comércio totalmente sem atrito se aceitarmos as suas regras, se aceitarmos as leis. Mas votámos para ser independentes.”
 
 
Irlanda preocupada
 Do lado britânico, as negociações serão lideradas pelo ex-diplomata, Davida Frost, que ficará à frente de uma Equipa de 40 pessoas, baptizada de “Taskforce Europe”.
O até agora assessor de Johnson para os temas europeus, terá sido o homem que conseguiu que a UE renegociasse o “backstop” (mecanismo de salvaguarda para impedir a existência de uma fronteira física entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda, que estava no Acordo negociado por Theresa May).
Sem o backstop, a Irlanda vê na eventual falta de acordo entre ambas as partes no final do período de transição uma ameaça. “A falha em garantir um Acordo Comercial seria uma ameaça enorme, uma ameaça existencial à nossa Economia em 2020, por isso precisamos desse Acordo”, disse o Primeiro-Ministro irlandês, Leo Varadkar.
A extensão do Período de Transição por um ou dois anos, teoricamente possível caso os britânicos a peçam até 1 de Julho, está aparentemente fora de questão. Johnson, que foi obrigado pelos deputados britânicos a pedir uma extensão da data do “Brexit” (de 31 de Outubro para 31 de Janeiro), garantiu por Lei que nãoteria de repetir essa experiência.
 
Acordo Comercial de mínimos
Sem essa extensão, europeus e britânicos devem apostar num Acordo Comercial de mínimos e alguns avanços no tema da Segurança, visto que, apesar de faltarem 11 meses até 31 de Dezembro, não terão todo esse tempo disponível. As directivas europeias que Barnier vai apresentar só devem ser aprovadas pelos líderes na Cimeira de 25 de Fevereiro, com as negociações a começar, provavelmente, já em Março.
Além disso, o Acordo Comercial terá de ser aprovado por mais de 30 parlamentos nacionais e regionais e é preciso dar tempo para isso. Na prática, ambas as partes terão oito meses para trabalhar.
Com a saída da União Europeia, o Reino Unido terá, também, de renegociar acordos com outros países – sendo o seu maior objectivo os Estados Unidos da América. Johnson disse, ontem, aos seus ministros, que o objectivo é ter 80 por cento das trocas comerciais britânicas com outras nações cobertas por Acordos de Livre Comércio, no espaço de três anos.
Com: dn.pt

PUB

PUB

PUB

To Top