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Ambiente

Projecto Vitó contra retoma de apanha de areia em Fonte Bila

A informação já vinha circulando nas redes sociais há alguns dias, com fotos da apanha de areia na praia de Fonte Bila, em São Filipe, no Fogo. Agora foi a vez do projecto Vitó, que há muito bem alertando para esta problemática, vir denunciar publicamente na sua página oficial do Facebook o problema de “o ouro preto que será explorado até ao último grão”.

“Tem-se constatado, desde o início do ano, a retoma da extração de areia na praia de Fonte Bila. Diariamente largas dezenas de camiões que passam a noite estacionadas à entrada da praia, têm extraído várias toneladas de areia por dia”, escrevem.

Segundo o projecto Vitó, esta extração “está autorizada por um despacho conjunto do Ministério do Ambiente e do Ministério da Economia e o Processo de Extração é gerido pela Delegação do Instituto Marinho e Portuário”.

Este movimento ambientalista com grande impacto na preservação ambiental na ilha diz ainda que o Projecto Vitó, através de emails detalhados enviados à Direção nacional do Ambiente tem demonstrado o seu posicionamento “contra” a extração de areia na Praia de Fonte Bila, apelando por criação de soluções alternativas que ponham cobro à necessidade deste recurso para a construção civil.

“A praia tem atualmente menos de metade da largura de há 10 anos e nunca o mar esteve tão perto da cidade como atualmente”, alertam.

“Apesar da extração acontecer de forma pontual ao longo do ano, quando acontece, a abertura da apanha de areia, o assédio é tanto que em poucos dias abrem-se autênticas crateras na praia (ver foto) e um pouco pela ilha aparecem estoques que são negociados a preços elevados durante os períodos de encerramento”.

Os mesmos explicam ainda que o Governo de Cabo Verde, em 2017, através da resolução 12/2017 de 24 de Fevereiro, demonstrou grande preocupação com a extração de areia no nosso País. Esta preocupação foi transcrita através deste parágrafo da referida resolução.

“É reconhecida pela população e pelas autoridades a necessidade de uma maior fiscalização e controlo da extração de areia nas praias, pois esta atividade põe fortemente em risco os ecossistemas costeiros, mediante a perda de habitats marinhos e o desaparecimento de espécies animais e vegetais, acelera a intrusão salina e a degradação das águas subterrâneas, afetando muito negativamente as explorações agrícolas e o abastecimento de água potável às populações das zonas litorâneas, além de causar um impacto bastante negativo na paisagem, diminuindo o potencial turístico das ilhas”.

O Governo, dizem,  também definiu como objectivo da resolução medidas de proteção das praias transcritas no seguinte texto da resolução: “Objectivo: A presente Resolução tem por objeto o reforço das medidas de proteção dos areais das praias do País e a promoção de investimentos na produção mecânica em britadeiras e outras soluções alternativas à extração de areia”.

Ainda como solução alternativa na resolução 12/2017 foi proposto o seguinte: “O Governo, mediante ações articuladas dos departamentos governamentais responsáveis pelas áreas das Finanças, da Economia e do Ambiente, promove a iniciativa privada de instalação e operacionalização de britadeiras para a produção mecânica de areia ou a comercialização de areia importada, até o final de 2017, nas ilhas que não dispõem ainda destas soluções”.

Porém, denunciam, “nenhuma dessas soluções foram aplicadas na ilha do Fogo!”

O projecto Vitó alerta que a ilha do Fogo é candidata a Reserva da Biosfera da Unesco.

“Este Selo será seguramente de grande importância para a preservação ambiental e para a promoção do desenvolvimento sustentável. No entanto, problemas ambientais graves persistem na ilha do Fogo, pondo em causa a própria candidatura submetida à Unesco”.

Entre eles a extração de areia não tem fim à vista e acontece em várias praias da ilha e em todos os municípios, depois as lixeiras a céu aberto nos três municípios da ilha e não existe qualquer tratamento do lixo recolhido.

Também o Parque Natural da ilha, advertem, “necessita da revisão do plano de gestão e da contratação de uma equipa técnica.

Entre os problemas que não abonam a favor da referida candidatura está ainda o facto de não existir rede de esgoto e nem um sistema eficaz de saneamento básico na ilha, assim como o tratamento da água para o consumo ainda ser deficiente.

Os mesmos alertam ainda que o plano detalhado de Chã das Caldeiras tem dificuldades de implementação devido à proliferação de construções “clandestinas” e que o turismo dentro da área protegida do Parque Natural do Fogo “não é devidamente regulamentado e fiscalizad”.

Ainda aos problemas ambientais acresce o facto de “grande parte da fauna e da flora” encontrarem-se “ameaçadas de extinção”.

Estes problemas ambientas, dizem, “necessitam de soluções a curto e médio prazo” com vista à melhoria da qualidade do ambiente e da viabilização da ilha do Fogo como uma “real Reserva da Biosfera”.

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