A nova Epidemia de Coronavírus é um balde de água fria na cabeça do mundo. A começar pelos chineses. Em 2003, o último vírus mortal que propagou pelo mundo inteiro (o SARS) também partiu da China.
Na época, o Governo de Pequim tentou esconder as informações, não só para a Organização Mundial da Saúde (OMS) e os médicos de outros países, mas, também, para a sua própria população. As medidas de combate à Epidemia foram tomadas tarde demais e de maneira ineficiente. Resultado: oito mil pessoas contaminadas, 800 mortes por pneumonia, e 26 países atingidos.
O mundo inteiro saiu criticando a irresponsabilidade das autoridades chinesas. Desta vez, o Governo de Xi Jinping não tinha condições de perder a face, novamente, e ser acusado de provocar um Cataclismo Sanitário Mundial. As medidas foram drásticas: confinamento de 56 milhões de pessoas em torno da Cidade de Wuhan, proibição de viagens de avião domésticas e dos mercados de animais silvestres, onde homens e bichos vivem na maior promiscuidade.
Mais importante porém: funcionários e políticos que tentassem abafar o facto cometeriam crimes inafiançáveis e seriam severamente punidos. Desde o início, a população chinesa e as autoridades de Saúde estrangeiras estão sendo informadas dos problemas, praticamente, hora por hora. Muita gente acha que é até demais e que pode ser uma manobra de Xi-Jinping: exagerar o perigo para, depois, colher os frutos políticos de ter resolvido a pendenga.
Só que a ameaça é claríssima. Parece até com os filmes de antecipação catastróficos. A pior Pandemia da História, em 1918, também começou na China: a tristemente famosa “Gripe Espanhola”, que matou quase cem milhões de pessoas no Planeta (3 a 5% da População Mundial).
Desafio Global de Saúde Pública
Hoje, a Medicina Epidémica está bem mais aparelhada para evitar uma hecatombe deste porte, mas nada garante que não aconteça de novo. Sobretudo tratando-se de um vírus que ninguém ainda conhece. Além do mais, o desafio não atinge só a Saúde Pública Mundial. No nosso Mundo Globalizado, esse tipo de contágio acelerado poder ter consequências económicas pavorosas, se não for bloqueado rapidamente.
A Epidemia de SARS, em 2003, impactou, profundamente, a Indústria do Turismo – hoje, uma das maiores do Mundo. Populações inteiras usando máscaras de protecção não são o melhor incentivo para encher lojas e andar de avião, comboio ou metro. Nas cidades submetidas a uma quarentena rigorosa, a produção e o comércio podem diminuir drasticamente.
Nos últimos dias, as Bolsas mundiais vivem no ritmo das notícias sobre o Coronavírus. Sem contar que a China em si é um dos principais motores da Economia Mundial e já se sabe que a Epidemia vai tirar alguns pontinhos do PIB (Produto Interno Bruto) chinês. Ninguém vai sair incólume desta explosão viral…mesmo se conseguir escapar do contágio.
A lição para os governos nacionais é pesada. Não adianta proclamar que as soberanias estão de volta e que cada um deve resolver seus problemas em casa. Vírus não respeita fronteiras e o trabalho de encontrar uma vacina ou de inventar medidas de contenção depende da colaboração de todo o Mundo. O Coronavírus não será – claro – a última ameaça deste tipo. E as próximas podem ser ainda mais perigosas.
A única solução é desenvolver a Cooperação Internacional, passando por cima do orgulho dos soberanistas e dos interesses politiqueiros locais que só pensam em salvar a face e seus empregos e vantagens. A transparência da informação é vital e a colaboração com boa fé também.
A ameaça da Mudança Climática já havia confirmado que o Mundo é, cada vez mais, um só, e que, por enquanto, não há outra solução senão tentar resolver os problemas juntos. A nova Pandemia requer que os Estados nacionais comecem a tartar, prioritariamente, da Saúde do Planeta. Continuar brigando para manter suas fronteiras é a receita para acabarmos todos no abismo.
Com: RFI