PUB

Sociedade

Investigação internacional e fuga de dados revelam como Isabel dos Santos construiu fortuna

Uma investigação internacional que junta cerca de 37 jornais de 20 países às origens da fortuna de Isabel dos Santos revela como a filha do antigo presidente angolano construiu o seu universo empresarial, tirando partido das ligações privilegiadas ao Estado angolano. Jornais como o The Guardian e o programa de televisão BBC Panorama, mas também o Expresso, colocaram em manchete títulos que prometem revelar as operações “secretas” que fizeram de Isabel dos Santos a “mulher mais rica de Angola”.

O consórcio de jornalistas de investigação teve acesso a mais de 700 mil documentos e ficheiros, entre os quais mails, contratos, auditorias e relatórios e contas que foram obtidas inicialmente pela Plataforma para Proteger denunciantes em África, uma cadeia anti-corrupção e fora partilhados com o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ em inglês). Os artigos e alguns dos documentos obtidos também podem ser lidos no site do consórcio.

Para além da fuga de informação, chamada de Luanda Leaks, as investigações que estão a ser publicadas este domingo assentam também em documentos oficiais de autoridades como o Banco de Portugal, mas também de empresas angolanas como a Sonangol e a Sodiam, empresa pública, de diamantes, e vários registos de empresas constituídas em offshores. Chamam-lhe Luanda Leaks.

Uma das operações reveladas pelo Expresso indica que Isabel dos Santos, enquanto era presidente da Sonangol, transferiu pelo menos 115 milhões de dólares (mais de 100 milhões de euros) para uma offshore no Dubai. Estas transferências justificadas como pagamento de serviços de consultoria feitos à petrolífera angolana tiveram como destino uma empresa controlada por Jorge Brito Pereira, o advogado da empresária em Portugal, e que a representa em várias empresas. Isabel dos Santos foi nomeada para este cargo, quando o seu pai era presidente de Angola, tendo sido exonerada por João Lourenço.

A BBC foca-se nos negócios de Isabel dos Santos que passaram por Londres, onde a Sonangol tem uma subsidiária. E conta como os documentos revelados mostram que já depois de ter sido afastada do cargo, em 2017, a ex-presidente da petrolífera estatal aprovou um pagamento de 58 milhões de libras a uma empresa de consultoria, a Matter Business Solutions, com sede no Dubai, uma sociedade que é controlada por Jorge Brito Pereira, apontado como um dos seus principais gestores e que também é presidente não executivo da operadora NOS. A BBC diz que há muito poucos detalhes sobre os serviços prestados por esta sociedade à Sonangol.

A passagem pela Sonangol foi um dos temas da entrevista que Isabel dos Santos deu ao Observador.

 

Isabel dos Santos ataca investigação

Isabel dos Santos já reagiu à investigação. Através do Twitter, a empresária angolana disse que a sua fortuna — palavra colocada entre aspas — nasceu do seu “caráter”, “inteligência, educação, capacidade de trabalho, perseverança”.

“Hoje com tristeza continuo a ver o “racismo” e “preconceito” da Sic e Expresso,fazendo recordar a era “colônias” em que nenhum africano pode valer o mesmo que um “Europeu”, lê-se ainda no tweet.

A empresária angolana que em Portugal é dona da Efacec, acionista de referência da NOS e tem uma participação indireta na Galp Energia, para além de ser acionista do EuroBic, viu os seus negócios em Angola alvo de uma ordem de arresto na sequência de inquéritos judiciais.

Fonte: Observador

PUB

PUB

PUB

To Top