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Sociedade

Novo Plano de Cargos Carreiras e Salários do INE: Trabalhadores falam em clima de tensão

A proposta do novo Plano de Cargos Carreiras e Salários (PCCS) do Instituto Nacional de Estatística (INE) não agrada a uma boa parte dos trabalhadores dessa instituição. Um grupo diz que esse novo instrumento de gestão de recursos humanos visa “beneficiar os privilegiados”. Esta acusação é refutada pelo Conselho de Administração, através do seu vice-presidente, Celso Soares Ribeiro, que diz que sempre manteve uma postura de diálogo e “abertura total”, no sentido de se produzir uma proposta o mais consensual possível. 
Um documento enviado à nossa redacção denuncia a existência de um “clima de tensão” no INE por causa da proposta do novo PCCS, apresentada pelo Conselho de Administração (CA) dessa instituição e que “não agrada à maioria dos trabalhadores”.  
“Os trabalhadores, outros com mais de 20 anos de serviço no INE, estão indignados”, afirma a fonte do  A NAÇÃO, sublinhando que, “para além de não haver ganhos substanciais, quando se está há vários anos à espera de um novo PCCS, a efectivar a proposta apresentada pelo CA, o INE não terá sequer um único técnico sénior quanto mais especialista”.
Contudo, conforme a mesma fonte, avisado com ameaças de manifestação e greve, “o CA resolveu investir na divisão dos trabalhadores” e “enquadrado nessa estratégia tem chamado os colaboradores, isoladamente, propondo-lhes excelentes condições usando a antiga táctica de dividir para reinar”.   
“O mais grave é que esse órgão tem-se imiscuído na composição da Comissão dos Trabalhadores que tem a missão de negociar os instrumentos de gestão de recursos humanos. Chegou a rejeitar e impor nomes na mira de ter uma maioria que sufrague as suas propostas”, denunciam. 
Clima de perseguição 
Os trabalhadores queixam-se ainda da existência de um “clima de perseguição e vigia permanente”. A nossa fonte afirma que a nova administração do INE, empossada em 2016, procedeu à colocação de pessoas da sua confiança em diferentes departamentos, chamadas de antenas, com a missão de enviar informações que permitam a monitorização dos colaboradores. 
“Técnicos com vários anos de experiência foram colocados na prateleira ou deslocados para áreas que não são das suas especialidades”.
Conforme o documento, a “estratégia de divisão dos trabalhadores” já teve uma consequência: “Na reunião do dia 2 de Dezembro um dos integrantes da Comissão dos Trabalhadores, que vinha lutando abnegadamente para a dignificação da carreira, comunicou que não está disposto a continuar dado ao clima instalado”.
“Para beneficiar os privilegiados, em vez de ter normas claras sobre a transição dos atuais colaboradores é intenção dos atuais homens fortes do INE proceder ao despacho caso a caso, não garantindo a transparência que o processo exige. O clima é tão tenso que houve situações de trocas de palavras que por pouco iam desembocar em vias de facto”, enfatiza.
 
Administração do INE refuta acusações 
O Conselho da Administração do INE (Instituto Nacional de Estatística), através do seu vice-presidente Celso Ribeiro, diz discordar, liminarmente, com a posição dos trabalhadores, por entender que o processo do PCCS (Plano de Cargos, Carreiras e Salários) está a ser trabalhado “em estreita colaboração com todos os técnicos, representantes dos trabalhadores e com o Sindicato…”. 
Consenso  
Segundo Soares Ribeiro, por causa do consenso obtido, o próprio sindicato, repetidas vezes, “tem elogiado a postura deste CA (Conselho de Administração), de abertura, diálogo e disponibilidade total, por forma a termos uma proposta de consenso e que espelha as nossas responsabilidades”.  
“Convém, igualmente, ressaltar que, neste processo, um grupinho de trabalhadores, incluindo os que no passado nada fizeram para resolverem as pendências, esquece que a gestão anterior ignorou este e outros processos pendentes. Nós, desde o início a esta parte, já resolvemos quase a totalidade dos pendentes encontrados, e com reconhecimento da grande maioria dos trabalhadores, passando pelo processo no tribunal, progressões e promoções”, realça. 
“Nós enviamos uma proposta, e, do nosso ponto de vista, qualquer proposta nunca pressupõe ser um produto acabado e não se percebe que perante uma proposta já se está a pensar em tensão. Da proposta, esperamos sempre uma reação, que pode ser positiva e/ou negativa e a partir daí se iniciar as negociações e este CA sempre esteve aberto e disponível para encontrarmos todos os pontos de entendimento, porque desde início afirmamos e reafirmamos que é o nosso propósito dotar a instituição de todas as condições para melhor desempenhar as suas atribuições”, sustenta Ribeiro. 
DA
(Leia mais no A NAÇÃO impresso, nº 641, de 12 de Dezembro de 2019)

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