Por: Carlos Carvalho
Di tantu sufri caladu… sima nos tudu, resolvi que tinha que “explodir”.
21 de Agosto pp, fui ao Hospital “Dr. Agostinho Neto” (HAN), na Cidade da Praia, para marcar uma análise para o meu filho.
É o acontecido neste dia que me levou a decidir não ficar calado… a ka sufri caladu… pa ka sedu mas un ta sufri sen fla/fazi nada pa midjora (falta a palavra correcta em crioulo; pa ka sedu mas un ta sufri sen fla/fazi nada, em português seria “para não ser conivente”).
Na verdade, o sucedido não é nada que não seja habitual, acontece com todos nós, tudu santu dia.
O tema/assunto é o (DES)ATENDIMENTO em quase todas as instituições para onde nos dirigimos para resolver não importa que tipo de problema. Do mais simples, ao mais complexo.
(DES)ATENDIMENTO porque atendimento normalmente deve pressupor um atendimento com o mínimo de qualidade, com o mínimo de profissionalismo, mas sobretudo com respeito para quem prestamos serviço. Afinal, so estamos atrás do balcão, da secretária …xintadu… porque o outro está do outro lado, sakedu ou xintadu…bu frenti…ta spera.
Mas, ao que parece quem nos atende tem o prazer de nos dar desprazer, de odjanu ta sufri…ta spera.
O que aconteceu no HAN no dia 21 é só mais um exemplo, dos muitos que acontecem em todo o lado. Não importa qual a instituição, a doença impera…o (DES)ATENDIMENTO.
Para começar o (DES)ATENDIMENTO começa com a já famosa, que até já entrou no anedotário nacional, ka ten sistema. E contra ele nada há a fazer. Somos todos impotentes.
Mas, já foi com certeza às instituições bancárias?? Veja a forma como somos tratados. Na maior “diskontra”, a “atendente” levanta e sai, porque txiga hora di ba almusa… ou dja bai toma café. Banco tubupu darguen. A Sub ou outra chefe qualquer nem esta aí.
Pior. O atendido… aquela “plateia” toda … nem tuge… nem muge!!! Ninguém reclama e ficamos pachorrentamente sentados ou “saquedus” à espera. A “atendente”, certo e seguramente, não é pago para ficar sem almoço, por isso…
Numa instituição bancária qualquer, você vê três Balcões de Atendimento. Mas, já alguma vez viu três “atendentes” xintadu…ao mesmo tempo…ta atendi??
Um dia “xatiadu si” de tanto sufri kaladu, pedi o Livro de Reclamações. O segurança me responde assim um pouco “espantadamente”, pois não há o hábito de se pedir o “tal Livro”: “Sta na gabineti di Gerente”!!. Modi?? Pergunto/exclamo??!! Não conto o resto da estória, pois, é longa. Mas, todos podem imaginar o epílogo.
Um outro dia, também “xatiadu si”, de tanto sufri kaladu, pedi o Livro de Reclamações numa das Agências da instituição que cuida dos “direitos” de nós todos contribuintes quando estamos doentes. Pedi porque a sala estava tanbi tubupu darguen… com uma só funcionária a atender, num espaço para 4!!! Sim, 4!!! Balcões de Atendimento!! A funcionária mostrou-me o Livro. Mas não sei porque carga de água resolvi não escrever. Quando chegou a minha vez, perguntei a senhora como era possível aquela situação, ela me respondeu “acusativamente”: “Npensaba ma nhu ta skrebeba algun kusa na Livro?? Ta sirbiba nos…dja dura kes kusa sa ta kontisi…ma nhu ka skrebi!!!”.
Voltando ao AHN, motivo deste (DES)ATENDIMENTO.
No AHN, cheguei “madrugada”. Podia ter sido primeiro porque podia não ir ao meu jogging matinal e ir directo ao hospital. Mas fui ainda a tempo de ser o 4° na bicha. O funcionário chega e abre a porta às 7:15. Tudo normal. Claro me deram o cartão número 4. Pensei, falando com os meus botões, no máximo às 9H/9:30 estaria atendido pois havia vários Balcões de Atendimento. Não podia ser doutra forma!!
Porém, ainda na fila, um senhor, o terceiro, me havia alertado: “ka nhu pensa ma nhu ta sai di li cedu, omi!”.
Repliquei: “Nau ka nhu flan un kusa di keli. Anho é terseru … ami é quartu… ninguen ka podi pasanu pa frenti”.
Mas, puro engano.
Às 8, as “atendentes” chegaram e foram se instalando, pachorrentamente!!. Àquela altura, o minúsculo espaço já estava repleto que nem um ovo. Algumas pessoas tiveram que ficar na rua.
Primeira má notícia. Alguém anunciou:
“Guentis, sistema ka sa ta funciona”.
Depois que o sistema começou a funcionar, já não entendia nada, apesar das esfarrapadas, talvez nalguns casos certas, desculpas que nos iam dando.
Todos se precipitavam para o balcão. E as frases iam saindo:
É guentis nhos txiga pa la
Anho é ka prioritariu.
Anho nhu spera…bes di nho inda ka txiga
Nhos txiga pa la…oras k bes di nhos txiga…es ta txoma nhos
Bom, resumindo, não vos conto a tamanha cacofonia que se seguiu…tamanha cacofonia que foi aquele (DES)ATENDIMENTO.
Eu, que de natureza sou calmo e levo tudo na maior “diskontra” (ando sempre com um livro para não me estressar), tive que berrar, espernear, da koxi (k izageru k tudu) para, com o número quatro na mão, ser atendido, creio quinquagésimo não sei quantos!!
Conclui que afinal o 3° tinha razão e como lá estava foi-me dizendo:
“Nka fra ba nho?? … Li é si tudu bes nhu ben”.
Foi assim que decidi escrever este (DES)ATENDIMENTO, para que aquele senhor chamado QUEM DE DIREITO (estou pensando um dia escrever sobre este senhor) tome as medidas que se impõem para podermos continuar minimamente a suster o nosso estatuto de PDM, no que se refere à ATENDIMENTO PUBLICO.
(Des)atendimentos
Por
Publicado em