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Política

Directas no PAICV : Janira continua a solo

Janira Hopffer Almada volta a concorrer sozinha à sua sucessão ao cargo de presidente do PAICV. Ao contrário das eleições de Janeiro de 2017, em que concorreu sem qualquer adversário, para a as eleições do dia 22, deste mês, o deputado José Sanches esboçou uma candidatura, que acabou por morrer na praia. 
Depois de vários meses de contactos no sentido de formalizar uma candidatura à liderança do PAICV, José Sanches acabou por atirar a toalha ao chão, desistindo, assim, de confrontar a líder do partido, Janira Hopffer Almada, nas directas que terão lugar no dia 22. Para atrás ficou o rasto de acusações suas e dos seus apoiantes contra a forma como o processo eleitoral, no partido, está a ser organizado. 
A candidatura de Sanches começou a dar sinais de fraqueza quando, meses atrás, questionou a marcação da data para esse pleito interno no PAICV. No entender desse deputado, as eleições deveriam ser em Janeiro, “dando oportunidade a todas as candidaturas” de “se prepararem convenientemente e prevenindo eventuais constrangimentos” à participação de todos no processo eleitoral, sobretudo ao facto de que o mandato termina a 19 de Fevereiro, data do último congresso do PAICV.
Depois, Sanches queixou-se de problemas no acesso à lista actualizada dos militantes do partido. “Não obstante as várias solicitações já feitas por esta candidatura, até o momento não se decidiu facultar-lhe a base de dados, atualizada pelo secretário-geral”, disse.
Diante desse quadro de alegadas dificuldades, José Sanches acabou por formalizar, na semana passada, a sua desistência à corrida à liderança do PAICV, por considerar que a direcção do partido tudo fez para “inviabilizar” a sua candidatura que, segundo ele, estava a merecer “uma grande simpatia dos militantes”.
“Pela primeira vez no mundo um partido democrático vai ao congresso com um número maior de delegados natos em relação a delegados a serem eleitos”, enfatizou o deputado, afirmando que “a Janira, ou seja, a direcção do PAICV tem como delegados natos 193 delegados para o congresso e falta eleger 171, o que é inédito na democracia a nível mundial. Antes das eleições internas a atual líder do partido já tem vitória conseguida com cerca de 60 por cento”.  
Sanches afirmou, ainda, que houve “sonegação” de dados, tendo em conta que se a “limpeza” feita na lista de militantes que foi reduzida de 36 mil para 30 mil. Porém, o mais grave de tudo isso, conforme Sanches, consiste na redução do número de delegados ao Congresso de cerca de 500 ou 600 para 364 delegados.
Contudo, o deputado afirmou que era o seu desejo fazer desta jornada um momento de reflexão e recuperação do partido, por considerar que os cabo-verdianos merecem que o PAICV seja coeso e com capacidade de agir respeitando a tolerância e o diálogo. “Hoje é nosso propósito afirmar a Cabo Verde e cabo-verdianos que não vamos viabilizar esta farsa que se convencionou chamar de eleições internas do PAICV”, realçou. 
As acusações de José Sanches foram desmentidas pelo secretário-geral do PAICV, Julião Varela, para quem “é completamente falso” que as datas das eleições tenham sido alteradas. E, relativamente à base de dados, informou que esta “nunca será entregue a ninguém”. Como esclareceu, o que pode ser fornecida aos candidatos, em devido tempo, é a “lista dos militantes”. 
No que tange à criação de um órgão para dirigir o processo eleitoral, assegurou que esta ideia “não faz sentido”, uma vez que o estatuto já determina quem tem competência para o efeito, que é a Comissão Nacional de Jurisdição e Fiscalização (CNJF) do partido.
“Todo o membro que, neste momento, não estiver de acordo com as deliberações tomadas pelos órgãos do partido, nomeadamente o Conselho Nacional, deve reclamar junto da CNJF”, indicou Julião Varela. “Vamos cumprir rigorosamente o regulamento e o estatuto nesta matéria”, assegurou o SG do PAICV.
Janira formaliza candidatura
Polémicas à parte, a 24 horas antes do prazo para a entrega das candidaturas à liderança do PAICV, nas directas marcadas para o diz 22, Janira Hopffer Almada formalizava a recandidatura ao cargo que ocupa desde 2014. O dossiê, subscrito por 7.596 militantes do partido no país e na diáspora (os regulamentos do partido exigem um mínimo de 300 assinaturas), inclui ainda a moção estratégica de orientação política a levar ao congresso e uma lista com 171 delegados.
Logo após a entrega desses documentos na Comissão Nacional de Jurisdição e Fiscalização, João Baptista Pereira, mandatário da candidatura de JHA, afirmou que “vamos para esta partida com a intenção firme de ganhar estas eleições”. 
Questionado, pelos jornalistas sobre uma possível divisão interna no PAICV, gerada no processo de preparação destas eleições internas, João Baptista Pereira desvalorizou: “Quem ganhar dever dirigir, quem perder deve ajudar a unir esforços”. 
A eleições internas no PAICV acontecem no dia 22 deste mês e o Congresso do partido, que decorrerá de 31 de Janeiro  a 2 de Fevereiro de 2020, vai contar com a participação 364 delegados, sendo 121 delegados natos, 36 quota do JPAI, 36 quota para Federação das Mulheres e 171 delegados eleitos.
DA
(Publicado no A NAÇÃO impresso, nº 641, de 12 de Dezembro de 2019)

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