A Gtek Lda., empresa recentemente constituída, está a colocar no mercado cabo-verdiano viaturas elétricas, de classe económica, possíveis de serem recarregadas no domicílio, através da rede da Electra. Os veículos “Smart”, eléctricos, semi-novos, têm autonomia para percorrer 140 quilómetros (Km). Os mentores do projecto estão a desenvolver parcerias com hotéis e restaurantes, no sentido destes passarem a disponibilizar pontos de recarregamento, assim como o aluguer dos referidos veículos para os seus clientes.
Rene Schäfer e Christian Pauly, sócios da Gtek Lda. e o parceiro cabo-verdiano Fáron Barbosa Peckham, pretendem colocar no mercado veículos automóveis “Smart” eléctricos económicos, possíveis de serem recarregados em casa, através de tomadas normais.
As baterias, com autonomia para percorrer entre 135 e 140Km, podem ser recarregadas tanto através da rede pública da Electra, assim como, utilizando energia produzida por painéis solares, instalados na casa dos clientes, ou, então, nos hotéis e restaurantes parceiros do projecto.
Fáron Barbosa Peckham explicou ao A NAÇÃO que os “Smart” eléctricos, embora usados, são veículos com menos de 20 mil quilómetros de rodagem.
“Estamos a falar de carros que estiveram alugados, em regime de ‘leasing’, por um período de três anos, na Europa e nos Estados Unidos da América. Após a devolução, o fabricante faz uma revisão geral dos veículos e as manutenções necessárias antes de vendê-los como usados.
Neste momento, já temos cinco Smart em Cabo Verde e, brevemente, vão chegar mais cinco. Em 2020 pretendemos importar veículos de quatro portas. São veículos que nunca sofreram acidentes”, assegura ao A NAÇÃO.
Conforme Peckham, estes carros estão em óptimas condições para a realidade de Cabo Verde, uma vez que, com a bateria cem por cento (%) carregada, têm autonomia para percorrer uma distância até 140Km.
“Em Cabo Verde não temos longas distâncias para percorrer. O maior percurso, na Ilha de Santiago, por exemplo, é entre a Cidade da Praia e o Tarrafal, que é de 72Km, via Assomada, e de 77 Km, via Santa Cruz e Calheta.
Portanto, o percurso de ida e volta ronda os 144Km. Como os carros têm autonomia para fazerem 140Km, basta termos uma tomada disponível no destino, para colocar o carro a carregar durante uma hora, e, assim, teremos condições para fazer a viagem de regresso, sem nenhum sobressalto. Até porque, o carro gasta apenas 60% da bateria”, garante.
Parceiras com hotéis e restaurantes
Fáron Packham avança, entretanto, que, nesta primeira fase do projecto, estão a apostar na divulgação dos carros e sensibilização da população e dos potências clientes, assim como à procura de parceiras junto dos hotéis e restaurantes.
“Já fazemos viagens de Praia até Tarrafal para mostrar às pessoas que esses carros fazem esse percurso tranquilamente”, diz.
Continua: “Estamos a desenvolver um projecto junto dos hotéis e restaurantes na cidade da Praia, Tarrafal e outros concelhos do interior de Santiago, no sentido de disponibilizarem uma tomada para os clientes, sobretudo turistas carregarem os seus carros.
Queremos criar uma rede de pelo menos oito hotéis e restaurantes em diferentes concelhos de Santiago que possam vir a servir como pontos de recarregamento e aluguer de carros elétricos”.
Segundo Fáron, para o sucesso do projecto está-se a estudar a possibilidade de instalar sistemas de energias renováveis através painéis fotovoltaicos nos hotéis e restaurantes, no sentido de minimizar os custos da eletricidade. E, assim, os proprietários disponibilizarão tomadas para os seus clientes carregarem os carros mediante o pagamento de uma taxa simbólica ou gratuitamente conforme o acordo.
Custo de carregamento
Conforme Fáron Peckham, o custo de recarregamento das baterias dos carros eléctricos Smart é bastante acessível.
“Uma hora de carga ronda os 126 escudos e o carregamento completo de uma bateria de zero a 100%, durante quatro horas, é de apenas 600 escudos na taxa actual da Electra.
Mas, quem utilizar os pontos de recarregamento equipados com energias renováveis pode carregar gratuitamente ou apenas pagar uma taxa de 150 escudos. Isso dá para andar 140 km, o que corresponde aproximadamente à distância de ida e volta entre Praia e Tarrafal. Se formos analisar num carro de combustível gastaríamos muito mais”.
Preço do veículo
Fáron Peckham avança que o preço dos veículos são acessíveis.
“Estamos a pensar em dois regimes de venda dos carros. Apenas os carros Smart custam à volta de 1200 contos. Mas estamos a trabalhar num projecto para vender um pacote completo que engloba o carro mais a montagem do sistema de carregamento através energias renováveis, utilizando paneis solares.
Desta forma os clientes terão os seus próprios meios de recarregamento em casa. Mas ainda não definimos o preço porque isso depende dos custos da importação dos equipamentos”.
Segundo Packham, o investimento inicial pode aparecer avultado, mas os ganhos começam a surgir logo nos primeiros anos. “Os carros não precisarão de manutenções, como os veículos a combustível. A única coisa que é preciso trocar são os pneus. Os carros têm garantia para andar 300 a 400 mil quilómetros sem necessidade de trocar qualquer peça”, conclui.
SM
(Publicado no A NAÇÃO impresso, nº 640, de 05 de Dezembro de 2019)
