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Zé de Angola: De pés de ouro a mãos de ouro

José Andrade ou Zé d’Angola foi em tempos um dos melhores futebolistas cabo-verdianos a actuar na Europa. Terminou a carreira em 2010 e de lá para cá já fez muitas coisas, mas actualmente esta antigo avançado, com passagens pela selecção nacional, tem-se dedicado a sessões terapêuticas de massagens para atletas.
Nasceu em Junho de 1970 na ilha de São Vicente, mas com dois anos foi para Angola. Como futebolista teve uma longa carreira internacional, que só viria a terminar em 2010.
Depois de 2010 Zé d’ Angola acabaria por regressar a Cabo Verde e de lá para cá conta com algumas experiencias como técnico. Já integrou a equipa técnica do Mindelense e no ano passado esteve durante algum tempo como treinador principal da Académica do Mindelo.
Actualmente resolveu dedicar-se com mais afinco a uma área que lhe tem permitido alcançar uma grande notoriedade em São Vicente. Zé d’Angola reside no bairro de Monte Sossego, onde estabeleceu as suas bases para sessões terapêuticas de massagens. Conforme o A NAÇÃO pôde apurar é dos mais requisitados massagistas em São Vicente.
“Comecei a fazer estes trabalhos de massagem e terapia há dois anos, com Toy Adão (defesa-central do Mindelense). Ele tinha uma lesão na virilha, mas depois que fizemos um tratamento, nunca mais se queixou”, explica Zé d”Angola.
Diariamente este antigo futebolista recebe uma média de sete “pacientes” sendo a esmagadora maioria atletas a actuarem no Campeonato sénior de São Vicente. A rotina começa às 7h30, podendo prolongar-se até as 14 horas.
“Cada sessão depende do tipo de lesão. Se for joelho ou virilha é entre 20 a 30 minutos. Os atletas não ficam cá muito tempo, são mais ou menos três a quatro sessões para recuperar um atleta”, acrescenta.
Segundo este entrevistado, lesões na virilha são as mais frequentes entre os atletas. O avançado da selecção nacional, Ryan Mendes e o guarda-redes do Mindelense, Piduca, são apenas dois dos que recentemente recorreram aos serviços de Zé, devido a uma lesão desta natureza.
“O tratamento virilha pode levar umas sete sessões da maneira que eu o faço. Implica algum espírito de sacrifício do atleta porque é muito doloroso”.
Longa aprendizagem
Enquanto atleta sénior Zé d’Angola representou 10 clubes e tinha lesões recorrentemente. Inclusive tem uma lesão no pé que até os dias de hoje condicionam a sua deslocação. Trata-se de uma lesão num dos pés, apanhada ao serviço do Stoke City, na Inglaterra.
Nunca frequentou qualquer curso na área de massagens e terapias, pelo que ele mesmo acredita que o que sabe é resultado de conversas com massagistas e médicos dos clubes por onde passou, mas também de um dom.
“Trabalhar com esta área implica ter três coisas; conhecimento, dom e a força. A massagem para causar um impacto tem que ser feita em força. Eu apanhei massagens de grandes massagistas, mas também em casa sempre fiz eu mesmo tratamento. Contava com o auxílio da minha namorada”, diz.
Enquanto atleta, Zé d’ Angola recorda que foram várias as vezes que companheiros de equipa foram bater a sua porta para pedir ajuda com massagens. Algo que ele diz, “tinha prazer de fazer”.
Para as sessões que Zé realiza, recorre sempre ao óleo de eucalipto, areia recolhida em praias e claro gelo. O óleo, segundo ele, é o melhor recurso para as massagens. Contudo lamenta que por estes dias esse bem esteja em falta no mercado.
Percurso
Nasceu no dia 1 de Junho de 1970 na ilha de São Vicente, mas com dois anos foi para Angola. Fez a formação no Sporting de Luanda e Maanbroa de Huambo. De regresso a terra que o viu nascer representou o Cantareira de Monte Sossego.
Já com idade sénior chegou a representar o CS Mindelense antes de iniciar a sua aventura pela Europa. Na temporada 1991/92 chegou a Académica de Coimbra e na época seguinte rumou ao Académico de Viseu. Neste último passou seis temporadas onde entre outras coisas ajudou a equipa a subir de divisão por duas vezes.
Seguiu-se uma passagem por Inglaterra para representar a formação do Stoke City e, em 12 jogos acabou por marcar apenas um golo. De regresso a Portugal vestiu as cores do Gil Vicente e do Maia. Em 1999 rumou a Angola para jogar ao serviço do Aviação. Veio a terminar a carreira no Luxemburgo, onde, durante oito anos, esteve ao serviço de Spora, Avenir Beggen e Jeunesse Schieren. Pela selecção nacional de Cabo Verde, Zé de Angola disputou duas partidas, ambas em 2003.
Uma das proezas de Zé d’Angola enquanto futebolista foi, ao serviço da Académica, ter marcado ao FC Porto, ainda no Estádio das Antas. Inclusive, numa recente entrevista, ao site Sportsmídia, recordou esse golo como o mais inesquecível da sua carreira. “Dei um chapéu num defesa, fintei o Victor Baía e marquei”, disse.
 
JF

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