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Economia

Santo Antão: Rega gota-a-gota faz aumentar área agrícola

Na ilha de Santo Antão, vários terrenos que eram de sequeiro estão a ser transformados em zonas de regadio, devido à aposta na rega gota-a-gota, estendendo assim a área agrícola durante todo o ano. O concelho do Porto Novo está a massificar o sistema, com localidades com mais de 90 por cento (% ) de área agrícola coberta por rega localizada. Paul e Ribeira Grande começaram também a ser beneficiadas no âmbito do projecto POSER (Promoção das Oportunidades Socio-Económicas no Meio Rural).

A agricultura tem sido uma das principais apostas do Programa de Promoção das Oportunidades Socio-Económicas no Meio Rural (POSER) em Santo Antão. Apenas nos últimos tempos, cerca de duas centenas de famílias, através de projectos hidroagrícolas foram beneficiadas, aumentando assim o seu rendimento económico.

O caso mais evidente é no Porto Novo. Mais de uma centena de famílias do interior do concelho foi beneficiada, nos últimos anos para cá, pelos projectos hidroagrícolas, através da massificação da rega gota-a-gota. No Paul e na Ribeira Grande, perto de 70 famílias oriundas de Penedo de Janela, Chã de Pedras, Ribeira da Torre e Garça, estão, actualmente, a ser beneficiadas.

Os projetos hidroagrícolas consistem no equipamento dos sistemas de produção de água com painéis solares, instalação do sistema de irrigação gota-a-gota, preparação de parcela, entre outras acções. Estas iniciativas têm contribuído para melhorar as condições de vida das populações beneficiarias, através de promoção de uma actividades geradora de rendimentos.

No Porto Novo, o POSER, que é executado pelo Ministério da Agricultura e Ambiente (MAA), tem em curso um programa de massificação da rega gota-a-gota que já chegou a várias localidades agrícolas do município. Depois do vale da Ribeira da Cruz, com mais de 90% de área agrícola coberta por rega localizada, esse mesmo sistema chegou ao Alto Mira, com a cobertura de 80% da área irrigada dessa bacia hidrográfica, conforme dados do delegado do MAA no Porto Novo, Joel Barros.

Depois da “forte aposta” na mobilização de água, através de prospecção, e do equipamento de todos os furos com sistema fotovoltaico, Porto Novo, segundo Barros, está a ganhar, também, o desafio de massificação da rega gota-a-gota, com “grande impacto” no aumento da área irrigada e produção agrícola. Gota-a-gota também chegou a algumas zonas periféricas da cidade do Porto Novo, onde se está a implementar um projecto de agricultura urbana e periurbana (Agricultura Integrada e Sustentável).

Resultados 

A associação de agricultores “Os Verdes”, que gere o projecto “Agricultura Integrada e Sustentável”, financiado pelo POSER e enquadrado no programa de mitigação dos efeitos da seca, revela que os resultados do projecto já são visíveis, prevendo, antes do final deste ano, as primeiras colheitas.

O líder desta associação, Osvaldo Santos, referiu-se ao “entusiasmo” das 20 famílias beneficiárias desse projecto, estimado em 13 mil contos. Contudo, apesar dos resultados e da modernização do sistema de irrigação, a agricultura no Porto Novo e em toda a ilha de Santo Antão enfrenta outro desafio que se prende com o mercado. Neste sentido, os produtores e mesmo os responsáveis locais, defendem o levantamento do embargo imposto há 35 anos, aos produtos agrícolas de Santo Antão.

Gota-a-gota chega à Ribeira da Torre

No vale da Ribeira da Torre, no concelho da Ribeira Grande, vários terrenos que serviam para a agricultura do sequeiro estão agora equipados com o sistema gota-a-gota. Dois meses atrás, o A NAÇÃO pôde constatar, no terreno, que muitas parcelas de terra estavam a ser preparados para receber devidamente os equipamentos para instalação dos sistemas de rega conservada. Os agricultores receberam também formação, durante algum tempo, para poderem de melhor adaptarem-se ao sistema agrícola mais actual.

A NAÇÃO sabe que todo o trabalho inicial já está pronto e os agricultores beneficiados já começaram a plantar diversos tipos de produtos. São terrenos que, devido à seca, nos últimos anos não tinham produzido praticamente nada. 

A massificação do sistema gota-a-gota em Santo Antão é vista como uma estratégia minimizar o gasto de água na irrigação por alagamento. Com a redução das perdas vai-se aumentar a disponibilidade da água para mais agricultura.

Beneficiários esperançosos

No vale da Ribeira a Torre, no concelho da Ribeira Grande, os beneficiários dos sistemas e rega gota-a-gota já começaram as primeiras plantações. Mais concretamente na zona de Ribeirinha de Jorge, várias parcelas de terrenos de sequeiro estão a ser transformados em regadio.
Há já uns três anos que não chove o suficiente e as culturas do milho e do feijão não têm sido rentáveis. Rui Neves é professor e, nos últimos anos, também resolveu dedicar-se à agricultura. Recebeu formação para saber lidar com o sistema gota-a-gota. Já fez as primeiras plantações e perspetiva resultados satisfatórios brevemente.
“É um bom projecto. Vai ajudar várias famílias. Basicamente, comecei a colocar bananeira, batata-doce e mandioca. O lugar está a fica bonito”, afirma. ACN Se Rui Neves está a fazer as primeiras plantações, o processo em algumas zonas de Porto Novo está mais avançado. Os vinte beneficiários do projeto da agricultura integrada e sustentável de Lajedinho, que começou em setembro no âmbito do POSER estão já a fazer as primeiras colheitas, principalmente de batata. Além de batatas, as famílias pretendem ainda cultivar frutas, mandioca, cenoura, alface, abóbora, melancia entre outros produtos, segundo informa o presidente da associação “Os Verdes”, Osvaldo Santos.
“Os resultados do já são visíveis”, confirma. Já em Alto Mira, os produtores locais perspetivam “melhores dias” para a agricultura nesse vale agrícola de “grande potencial”. Conforme os agricultores, a instalação do sistema de rega localizada em quase todo o vale de Alto Mira permite a rentabilização da água disponível para a rega e, consequentemente, o aumento da área irrigada e da produção agrícola. A associação dos agricultores dessa localidade antevê, por isso, “um forte incremento” da actividade agrícola em Alto Mira.
ACN

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