Para Cee Jay, se hoje em dia há vários jovens tendo sucesso lá fora no campo da moda, por exemplo, é porque alguém, nomeadamente do exterior, registou esses talentos e os vendeu juntamente com a imagem do país no estrangeiro.
“Nós mesmos podemos vender o nosso país e fazer com que pessoas curiosas queiram vir aqui conhecer. A maior preciosidade de Cabo Verde são os cabo-verdianos. Portanto, o meu trabalho tem sido no sentido de promover o meu país, tanto a nível de modelos como de paisagens”, confessa. Para Cee Jay, São Vicente, particularmente Mindelo, tem o dom de inspirar para a fotografia e para qualquer outra forma de arte. “É por isso que eu quero investir aqui. Sei que todo esse potencial e talento é somente o começo.”
Cee Jay enveredou também pela área do audiovisual ao perceber a complementaridade com o seu trabalho. Hoje em dia, grande parte dos seus trabalhos audiovisuais são produção própria, como é o caso do seu último videoclip, gravado e produzido sozinho. “Hoje trago o meu projecto para Cabo Verde, não para competir, mas para somar e juntar o meu trabalho ao trabalho de outros profissionais. Porque juntos podemos fazer mais pelo nosso país.”
Queila Fernandes, o mundo através da fotografia
Queila Fernandes, 24 anos, nasceu em Santo Antão, mas foi sobre a vigia do imponente Monte Cara que cresceu. Foi na Escola Técnica, aos 17 anos, enquanto estudava artes gráficas, que viu na sua paixão pela fotografia transformar-se na possibilidade de ser uma profissão. Queila revela que sempre encontrou uma barreira em se comunicar com as pessoas e através da fotografia essa barreira foi quebrada.
“O que mais gosto de fotografar são as pessoas. Por isso o meu estilo é o retrato. Na fotografia encontrei uma forma de não só falar como de compreender os outros.”
Na sua última exposição, “Lar”, mostra momentos captados hoje que a remetem para a sua infância e ao passado. E embora trabalhe numa empresa de produção comercial, Queila confessa que o prazer do seu trabalho está na fotografia artística.
“Gosto de sair as ruas, falar com as pessoas, conhecer as suas histórias, principalmente nas ilhas com as quais tenho mais afinidade: São Vicente, Santo Antão e Santiago. Esta é definitivamente a minha vertente preferida.”
Em Junho de 2018, Queila expôs o seu trabalho no Centro Nacional de Artes Artesanato e Design, por ocasião da 3ª edição da residência artística Catchupa Factory e em Outubro último no Centro Nacional do Mindelo, com a exposição “Lar”. Também participou da IX Bienal de Jovens Criadores da CPLP, em Luanda. A sua fotografia já chegou a França, através do festival de arte contemporânea Áfrika Sovoies 2019. Alem do estilo próprio, a jovem inspira-se em fotógrafos seniores da ilha como Helder Doca, Nenass Almeida e Zé Pereira.
Natalina Andrade
*Esta reportagem foi publicada no Caderno Especial São Vicente da edição nº636 do jornal A NAÇÃO
São Vicente, uma ilha que respira arte
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