O PAICV acusou hoje o Governo de “discriminar” os empresários nacionais na concessão de “avales e garantias” para os seus colegas estrangeiros contraírem empréstimos junto à banca nacional e internacional, tendo o executivo considerado “falsas” estas declarações.
“Para os empresários nacionais não há nem avales nem garantias”, disse o porta-voz do grupo parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde, Julião Varela, em declaração política que antecedeu o período antes da ordem do dia.
O maior partido da oposição culpou, ainda, o Governo por ser o “principal concorrente” às empresas no que toca ao recurso ao crédito bancário, apontando o “aumento progressivo” da dívida interna, “em mais de 34 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) que, segundo Julião Varela, em 2016, estavam em “menos de 30 por cento”.
No entender do PAICV, os empresários nacionais continuam a deparar-se com problemas atinentes ao acesso ao crédito, ao mesmo tempo que lhes têm sido “negados ostensivamente os avales e garantias, como foi o caso dos armadores nacionais no âmbito da concessão dos transportes marítimas inter-ilhas”.
Relativamente à administração pública, considerou que o sector está “desnorteado” e quadros experientes “colocados na prateleira ou estimulados a se aposentarem”.
Para o partido da estrela negra, as últimas quedas do país nos rankings mundiais denunciam que Cabo Verde “está a ficar cada vez menos competitivo”, o que, segundo o PAICV, é “preocupante” porque o arquipélago precisa de atrair o investimento directo estrangeiro.
“Em face dessas e outras quedas, nos rankings mundiais, fica cada vez mais difícil melhorar o ambiente de negócios e melhorar o índice de competitividade”, concluiu o PAICV, acrescentando que o país “está claramente a perder o campeonato do doing business e está a tornar-se menos competitivo em relação aos seus concorrentes”.
Reagindo à declaração política do PAICV, o ministro de Estado e Assuntos Parlamentares, Fernando Elísio Freire, considerou que a mesma contém “conteúdos falsos e manipulados”.
O governante classificou de “falsa” a declaração do PAICV, segundo a qual, a dívida pública está a aumentar.
“A dívida pública para 2020 está prevista em 117 por cento, quando herdámos a 126%”, precisou o ministro, para quem é também “falso que o défice está a aumentar”.
Revelou que neste momento o défice está em dois por cento e, em 2020, “vai chegar a 1,7%, muito menor do que era em 2016”.
Na opinião do Governo, “são falsos os dados do PAICV sobre o crescimento económico”.
“Hoje, Cabo Verde cresce seis vezes mais do que no tempo do PAICV”, indicou, advogando que actualmente o ambiente de negócios é “muito melhor” e, por isso, “estão a investir”.
Deixou entender que foi graças a reformas encetadas pelo Governo do Movimento para a Democracia (MpD-poder) que o país passou de um “avião preso em Amesterdão (Holanda) para três Boeings ligando Cabo Verde ao mundo”.
Justificou a queda do país no ranking do Doing Bussines com a introdução de novo item sem o acordo prévio do país a nível de protecção de pequenos investidores, que tem a ver com mercados de capitais e, por isso, afirmou, se registou a queda do país.
“O mesmo relatório diz que Cabo Verde fez quatro grandes reformas muito bem avaliadas”, indicou Fernando Elísio, concluindo que no próximo ano se verãos os resultados.
Relativamente a financiamento das empresas, adiantou que, pela primeira vez, existe uma linha de crédito no valor 2,5 milhões de contos destinada a micro, pequenas e médias empresas.
Inforpress