O presidente da Câmara de Villiers-sur-Marne (Paris), Jacques-Alain Bénisti, tentou banir dos cinemas o filme “Timbuktu”, premiado no Festival de Cannes e um dos nomeados para Óscar de Melhor Filme Estrangeiro, por acreditar que o filme “faz a apologia do terrorismo” e por temer que, por isso, os jovens vejam os jihadistas como modelos a seguir, segundo contam os jornais Le Figaro e Le Monde.
A decisão de Jacques-Alain Bénisti – que admitiu não ter visto o filme – gerou muita controvérsia em França e o governante foi obrigado a voltar atrás na decisão: o filme vai mesmo ser exibido, mas só daqui a duas semanas, no âmbito de um debate organizado entre líderes cristãos, judeus e muçulmanos, como esclareceu ao Le Monde.
O caso ganhou especial atenção mediática porque Villiers-sur-Marne é a região de onde Hayat Boumediene, a companheira de Amedy Colibaly, autor do ataque contra o supermercado judaico em Paris, é natural – Hayat Boumediene continua a ser procurada pelas autoridades francesas. Além disso, Villiers-sur-Marne, nos subúrbios de Paris, é uma região conhecida por acolher um grande número de cidadãos do norte de África. O governante temia, por isso, que a exibição do filme pudesse ser um fator de radicalização dos jovens muçulmanos.
No entanto, de acordo com a distribuidora do filme, citada pela revista Tabletmag, o filme já tinha sido exibido em mais de 1.500 cidades francesas sem que se “tivesse registado um único incidente”, mesmo depois dos ataques terroristas em Paris.
Mas, afinal, o que conta o filme realizado por Abderrahmane Sissako? A obra retrata o clima de terror vivido durante a ocupação de Tombuctu, no centro do Mali, por militantes radicais, que tentaram pela força, entre outras coisas, impor a interpretação estrita da sharia – a lei islâmica. Uma ocupação que só terminou com a intervenção militar francesa, em conjunto com tropas malianas, na região.
Ainda segundo a mesma revista, a intenção de Sissako é, precisamente, mostrar que as principais vítimas dos jihadistas são os muçulmanos moderados que se recusam a viver segundo os ideais defendidos por organizações como Estado Islâmico e al-Qaeda, o que não impediu que Jacques-Alain Bénisti decidisse retirar o filme dos cinemas.
Filme sobre Islão banido em Villiers-sur-Marne (Paris)
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