PUB

Opinião

VII Encontro dos Poetas da Língua Portuguesa

Por: Arlindo Andrade*

O Encontro dos Poetas de Língua Portuguesa tem-se realizado com regularidade em Lisboa e no Brasil, mas já passou também por Moçambique, Angola e Guiné-Bissau. Em 2020, de 17 a 19 de setembro, será a vez da Cidade da Praia, capital da cultura da CPLP, acolher o VII Encontro dos Poetas da Língua Portuguesa.

Esta decisão, tão honrosa para Cabo Verde, foi dada a conhecer tanto na abertura como no encerramento do Encontro de Lisboa, que teve lugar na sede da CPLP e na Biblioteca do Museu Nacional do Desporto, nos dias 26 e 28 deste mês. Cabo Verde esteve representado pelo poeta Paulo Furtado e por mim, membros da Academia Virtual dos Poetas da Língua Portuguesa. Foi para mim um grande privilégio ter sido chamado para a Mesa que presidiu aos trabalhos no terceiro dia do encontro.

Os trabalhos tiveram início com uma mensagem-vídeo do Secretário Executivo da CPLP. Cheguei um pouco atrasado, mas ainda o ouvi dizer que a poesia “constitui um dos géneros mais antigos da literatura” … o tom foi sempre este, o enaltecimento da poesia e o reconhecimento do seu contributo no desenvolvimento da humanidade.

Na verdade, nem a poesia nem os poetas vivem alheados das concretas circunstâncias da vida. À sensibilidade dos poetas não escapa assuntos que acabaram por ser abordados, como as dificuldades que persistem em torno da circulação/ mobilidade, em grande parte com origem em questões burocráticas, bem como o acesso ao mercado de trabalho e à saúde. A linguagem poética e as nossas criações literárias são uma forma adequada de chamar a atenção para os problemas sociais. A poesia e os poetas, ao longo da História sempre foram revolucionários! Também neste Encontro de Lisboa tomámos consciência da nossa missão social-cultural.

Outro tema abordado foi o reconhecimento da cultura plural…. Temos em comum a língua, porém a nossa cultura é diversa: a língua congrega gente de várias culturas, o que constitui uma riqueza ímpar! No caso concreto da nossa diáspora – a diáspora cabo-verdiana – inserida em tantas culturas, também a língua portuguesa é elo de união dessas diásporas e fator de preservação da língua portuguesa. Na minha opinião, esta preocupação compreensível de valorizar a língua portuguesa, não deve descurar o incremento do crioulo e a sua expansão, como tem acontecido, felizmente, nas nossas diásporas.

Foram três dias intensos, preenchidos entre formalidades e informalidades, poemas e lançamento da Antologia “Na Rota de Camões”, declamações, homenagens, aplausos e muitos sorrisos, numa grande sintonia, expressão do modo como todos levam sério e desejam prosseguir com este projeto. Aliás, o evento, no sentir de alguns dos representantes dos países que já o receberam, “dignifica o país recetor”. Aproveitei estar da Mesa da presidência para chamar a atenção para os custos da participação na Antologia, sugerindo que a CPLP comparticipasse nas despesas da sua publicação.

Sinto-me privilegiado por ter representado Cabo Verde neste Encontro, e faço votos de que a organização e a realização do evento em 2020, em Cabo Verde, corra da melhor forma possível, o que implicará a participação ativa das instituições da sociedade civil, nomeadamente a Sociedade Cabo-Verdiana de Autores (SOCA), bem como do Ministério da Cultura. Outra coisa não se poderia esperar de um país de poetas!

*Cantor e poeta, representante da secção Cabo Verde na Academia Virtual dos Poetas da Língua Portuguesa.

PUB

PUB

PUB

To Top