Perto de 30 pessoas morrem, todos os dias, em Portugal, por morte súbita cardíaca, segundo estimativas de peritos e associações médicas, com a Sociedade Portuguesa de Cardiologia a destacar que meio milhão de portugueses vive com insuficiência cardíaca.
No Dia Mundial do Coração, que se assinala neste domingo, 29, os dados da Sociedade Portuguesa de Cardiologia mostram que a insuficiência cardíaca é a principal causa de internamento hospitalar em pessoas acima dos 65 anos, sendo que apenas metade das pessoas sobrevive cinco anos após o diagnóstico.
A insuficiência cardíaca tem tendência para aumentar, sobretudo devido ao envelhecimento da população, mas actualmente já é responsável por duas a três vezes mais mortes do que o cancro da mama ou do cólon, como destacou à agência Lusa o presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, Vítor Gil.
Apesar disso, nos últimos anos tem-se registado um aumento dos doentes que sobrevivem a outras complicações cardio-vasculares, como o enfarte, o que também contribui para o aumento da insuficiência cardíaca.
Aliás, um estudo divulgado este ano pelo Centro de Medicina Baseada na Evidência da Faculdade de Medicina de Lisboa veio estimar que as mortes por insuficiência cardíaca aumentem 73 por cento (%) em 2036, enquanto a carga de doença crescerá 28% em relação a dados de 2014.
Em 2016, Portugal registou perto de 12 mil episódios de internamento de enfarte agudo do miocárdio, enquanto o número total de internamentos por doenças do aparelho circulatório ultrapassou os 110 mil. Os peritos estimam ainda que, por dia, 30 pessoas morram por morte súbita cardíaca.
Contudo, o presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia vinca que a insuficiência cardíaca não tem de ser uma sentença, podendo antes ser encarada como uma “oportunidade de esperança e de futuro”.
“Este ano elegemos como lema o “Coração de Esperança”. Sendo a situação de doença cardíaca reconhecida e identifica, pelos médicos de família por exemplo, temos, os especialistas, as ferramentas terapêuticas e os dispositivos necessários que podem melhorar a qualidade e prolongar a vida das pessoas”, frisa Vítor Gil.
O cardiologista avisa, no entanto, que as pessoas devem estar atentas a cansaço extremo ou exagerado, a faltas de ar ou desmaios, que podem significar doenças cardio-vasculares.
“Não devem esperar que passe, devem procurar ajuda médica”, indicou.
Pegando no lema da esperança, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia promove neste domingo, em conjunto com a Associação Coragem (de crianças com problemas cardíacos) a pintura de “um grande coração de esperança” no centro cívico de Carnaxide, em Oeiras.
Também no domingo de manhã, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia e a Fundação Portuguesa de Cardiologia vão assinar um Protocolo que confere à Fundação o estatuto de organização afiliada da Sociedade Portuguesa de Cardiologia. Assim, surgirá um conselho Estratégico, constituído por membros das duas instituições, para planear as acções conjuntas.