Após um encontro com trabalhadores de várias fábricas e instituições em São Vicente, o presidente do Sindicato da Indústria, Alimentação, Construção Civil e Afins (SIACSA) veio a público denunciar situações que considera “muito más”, pelas quais passa a classe trabalhadora.
Precariedade laboral nos diferentes sectores de actividades, descontos avultos nos salários auferidos, castração das liberdades sindical e de expressão, salário mínimo insuficiente para custear a vida familiar e uma cultura de medo instaurada no seio dos trabalhores constam da lista de irregularidades apontadas por Gilberto Lima.
“Não gostei daquilo que ouvi dos trabalhadores em São Vicente”, afirmou para avançar ainda que as queixas “não são diferentes nas outras ilhas”.
Segurança privada, construção civil, restauração, o próprio serviço de saneamento da Câmara Municipal, e fábricas como a Frescomar e a Atunlo, onde trabalha um grande número de pessoas sofrem com aquilo que Lima denomina de “escravatura moderna”.
Tudo isto está a contecer, considera, devido à falta de vontade política e administrativa, para apaziguar as questões de precariedade laboral no país, agravado pela elevada taxa de desemprego jovem.
Neste sentido, garante, o SIACSA vai agir, começando por desafiar os decisores e empregadores a criarem melhores condições de trabalho para a classe, além de garantirem mais emprego para jovens e mulheres.
Gilberto Lima pede ainda que haja uma fiscalização “rigorasa” nas empresas e atenção redobrada nas “violações e atropelos” da liberdade de discussão e de liberdade sindical.
“Na Câmara Municipal, por exemplo, alguns trabalhadores foram obrigados a suspender as suas quotas no sindicato, porque a Câmara não quer que o façam”, denuncia.
Sem apontar um caso em concreto, Lima diz que em algumas fábricas em São Vicente os trabalhadores não têm voz. Neste sentido, vai tentar encontros com as empresas com o intuito de chegar a um consenso e “convencê-los” de que os trabalhadores precisam estar motivados para o próprio bem da empresa.
O SIACSA vai realizar, nos finais de agosto, em São Vicente, a sua quinta assembleia geral de trabalhadores para eleição de um coordenador local, que irá preparar o quinto congresso deste sindicato a ser realizado no dia 30 de novembro, simultaneamente nas cidades da Praia e em Mindelo.
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SIACSA: falta de vontade política e administrativa ditam precariedade laboral em Cabo Verde
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