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Morte, subnutrição e baixo QI: os efeitos da crise do clima são mais do que parecem

É um retrato desagradável, impróprio para colocar na sua sala de estar. Aquilo que os mais recentes estudos nos mostram sobre o futuro de um planeta afetado pelo aquecimento global é mais complexo do que à partida imaginamos. Para além de mortes de pessoas e de animais, o relatório da universidade australiana também prevê baixa subnutrição e diminuição do QI em crianças nas próximas décadas.
O relatório foca-se no caso australiano e nas consequências ao nível daquela região. Contudo, a base científica do mesmo é aplicável a nível mundial. Intitulado “From Townsville to Tuvalu”, o documento é pioneiro no sentido de ligar a questão das alterações climáticas a problemas nos mais váriados níveis.
Comecemos pela menos óbvia: o que é que o quociente de inteligência tem a ver com as alterações climáticas? Um dos estudos mencionados no relatório mostra que os filhos de mulheres que estavam grávidas durante as cheias em Brisbane, na Austrália, entre 2010-2011 tinham menor capacidade cognitiva (equivalente a pelo menos 14 pontos numa escala de QI), vocabulário menos desenvolvido e brincadeiras menos criativas nos primeiros anos de idade. Este desastre natural afetou mais de 200 mil pessoas na região nordeste do país.
Mas os efeitos das alterações climáticas são também ao nível da alimentação. A diminuição do valor nutricional das culturas agrícolas, resultado da maior concentração de CO2, também causa problemas de saúde, como anemia ou subnutrição. Estas consequências já se fazem sentir em algumas partes do planeta, mas irão alastrar-se com o passar do tempo por outras regiões.
A exposição ao calor é também um fator a ter em conta. Um relatório de 2017 estima que, em 2100, 75% das pessoas em todo o mundo estarão expostas a ondas de calor extremas o suficiente para matar. Além disso, o aumento do calor provoca a expansão do habitat dos mosquitos, ou pelo menos a sua migração para zonas mais amenas, expondo mais pessoas a doenças como dengue, febre amarela, chikungunya e o vírus zika. E, claro, os próprios desastres naturais cada vez mais frequentes e que causam danos humanos direta e indiretamente.
Fonte: Visão

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