O Instituto Nacional de Estatísticas (INE) de Moçambique distancia-se dos números apresentados pelos Órgãos Eleitorais no Recenseamento na Província de Gaza, após a Oposição denunciar que os dados foram inflaccionados para benefício do Partido no poder.
“O INE não tem como explicar o que aconteceu em Gaza. Em termos científicos (esta questão), ultrapassa todas as teorias demográficas, então não se pode perguntar isso ao INE, porque nós não sabemos”, disse o director nacional de Censos e Inquéritos, Arão Balate, numa conferência de Imprensa em Maputo – reportada pela Lusa.
Em causa estão os resultados do Recenseamento Eleitoral da Província de Gaza, revelando que 80 por cento (%) da população da Gaza possui mais de 18 anos, o que, para especialistas, partidos da Oposição e sociedade civil, é um grave erro, na medida em que em média a população moçambicana é maioritariamente composta por crianças e adolescentes, principalmente naquela Província.
Segundo os dados do STAE (Serviço Técnico de Administração Eleitoral), os Órgãos Eleitorais moçambicanos recensearam cerca de 230 mil eleitores a mais do que o número da população em idade eleitoral, anunciada pelo INE na província de Gaza.
Para o INE, o STAE usa uma metodologia diferente, o que pode explicar a disparidade nos dados entre as duas instituições.
“O certo é que o INE usa um tipo de metodologia e o STAE também tem outro tipo de metodologia. A sociedade não pode exigir que os números sejam iguais, (portanto) as explicações talvez sejam encontradas nas leis eleitorais”, declarou Arão Balate.
Balate afirmou, ainda, que antes da divulgação dos resultados do Censo, o INE apresentou dados brutos e, a posterior, os definitivos da população ao STAE.
O número de eleitores apurados em Gaza faz da Província a única em Moçambique que conseguiu registar um número acima da população em idade eleitoral, pois, as restantes nove províncias e a cidade de Maputo inscreveram cifras abaixo do total da população em idade eleitoral.
A Província de Gaza votou sempre maioritariamente a favor da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Partido no Poder, e um aumento no número de eleitores pode ter um impacto nos resultados finais da votação nas Eleições Gerais de 15 de Outubro.