“Já temos agenda para 2021-2022, a chegada do Fernão Magalhães, que fez volta ao mundo”, anunciou o autarca à imprensa, no dia em que a Cidade Velha recriou o ataque do pirata francês Jacques Cassard, acontecido em 04 de maio de 1712.
Enquadrado no projeto “Viagem pela História”, Manuel de Pina disse que a edição do próximo ano, que será a terceira, ainda está a ser negociada, estudada e discutida com a comissão científica, acreditando que “será com alguma pompa”.
Mas, para 2021-2022, garantiu que o evento a ser recriado no centro histórico será a viagem de circum-navegação do navegador português Fernão de Magalhães, iniciada em 1519, e que este ano celebra 500 anos.
Sobre a recriação do ataque do pirata francês Jacques Cassard à Ribeira Grande de Santiago, nome inicial da Cidade Velha, Manuel de Pina disse que, por momentos, pensou tratar-se de uma realidade, numa das atividades para comemorar o 10.º aniversário da elevação do centro histórico a património mundial da humanidade, que aconteceu em 26 de junho.
“A emoção, ver a envolvência das pessoas, isso foi muito bem, acho que vamos ter que continuar com este projeto, continuar a recriar a nossa história, envolver todo o mundo e fazer toda uma economia a volta disso”, afirmou o autarca, dizendo que a recriação promove a cidade e o país.
Apesar de considerar a missão cumprida, o presidente notou que há “pequenas coisas para alinhar”, que, aos olhos das outras pessoas, não são percetíveis, mas notadas pelos organizadores.
“Pudemos verificar algumas coisas que podemos melhorar e vamos melhorar”, confiou o edil, esperando, ao mesmo tempo, levar o evento a todo o mundo e continuar a contar com os parceiros.
E o parceiro, desde a primeira hora, é a Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, que voltou a estar representada na recriação pelo presidente Emídio Sousa.
Além da cedência, este ano, de 60 trajes, o autarca português disse que tem tido contacto permanente com o município cabo-verdiano para desenhar os cenários e trocar experiências.
Com uma experiência em recriação histórica de 25 anos, Emídio Sousa informou que convidou a delegação cabo-verdiana para assistir à viagem medieval no concelho, que acontece de 31 julho a 11 de agosto.
“Penso que será muito importante para algumas das pessoas que estão encarregadas deste projeto, irem lá, perceberem como é que nós fazemos, estamos totalmente abertos a colaborar, a dar formação às pessoas”, garantiu o autarca feirense.
Emílio Sousa acredita que a recriação histórica poderá dar um salto e torna-se numa nova atração turística na Cidade Velha, o que traria empregos e desenvolvimento da economia.
O presidente de Câmara acredita também que, com a recriação, Cabo Verde está a fazer a paz com a sua história.
“Essa é outra componente muito importante. É muito importante e recomendaria mesmo ao Governo central que apostasse muito nesse evento, porque está a escrever-se a história de Cabo Verde, a criar uma identidade dos cabo-verdianos com o seu país, mesmo aqueles que estão fora”, salientou.
Por sua vez, Sabino Baessa, encenador do ataque de Jacques Cassard, disse que a recriação é uma forma “mais eficiente” de incentivar à leitura, do que informar as pessoas que têm que ler, já que as pessoas veem, vivem, revivem e participam com muita vontade na sua própria história.
O dramaturgo cabo-verdiano também apelou a todas as câmaras municipais e o Governo a trabalhar em conjunto nesse sentido, recriando as suas histórias.
“A riqueza histórica que o país tem é imensurável e, alinhando a história com o turismo, aí os artistas conseguem empregabilidade, a história de Cabo Verde torna-se mais rica e mais dinâmica e todo o país ganha”, mostrou.
A primeira edição do projeto “Viagem pela História” aconteceu em setembro do ano passado e recriou três momentos: o ataque de piratas, a chegada dos Jesuítas e fuga de escravos.
LUSA
Cidade Velha vai recriar viagem de Fernão Magalhães em 2021 – autarca
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