O comandante dos Guardas da Revolução do Irão, o general Qassem Soleimani, anunciou, esta quinta-feira, 20, que o País “não tem qualquer intenção” de entrar em conflito com algum país do mundo, mas “está pronto para a guerra”.
A declaração do Irão surge depois de o País ter anunciado, hoje, o abate de um avião não-tripulado (“drone”) norte-americano, em violação do espaço aéreo no Sul do País, enviando, assim, uma “mensagem clara” aos Estados Unidos da América (EUA), segundo o general.
O general disse, ainda, que o Irão “não tem qualquer intenção de guerra com qualquer país, mas está pronto para a guerra”, num discurso em directo na Televisão estatal.
A violação das fronteiras da República Islâmica do Irão “representa a linha vermelha”, adiantou o general, citado pela agência de noticias iraniana, Tasnim.
Os Guardas da Revolução do Irão anunciaram, também, o abate de um avião não-tripulado (“drone”) norte-americano, numa nova escalada de tensão entre Washington e Teerão.
Este incidente ocorreu num contexto de fortes tensões entre o Irão e os EUA, depois de, no passado dia 13, dois petroleiros, um norueguês e um japonês, terem sido alvo de ataques no Estreito de Ormuz, tendo o Irão negado o seu envolvimento e sugerido poder tratar-se de um golpe norte-americano para justificar o uso da força contra a República Islâmica.
Na segunda-feira, os países-membros da União Europeia mostraram-se prudentes na atribuição de responsabilidades nos ataques no Golfo de Omã, recusando-se a alinhar com Washington e Londres, que culparam Teerão, e ainda a Arábia Saudita, rival regional do xiita do Irão e aliada dos EUA.
Também na segunda-feira, o ministro da Defesa norte-americano, Patrick Shanahan, anunciou que vão ser enviados cerca de mil soldados para o Médio Oriente, sustentando que “os recentes ataques iranianos validam informações viáveis e credíveis sobre o comportamento hostil das forças iranianas e dos grupos que o apoiam, o que representa uma ameaça para os cidadãos e os interesses norte-americanos no conjunto da Região”.
Em meados de Maio, o Pentágono já tinha enviado para o golfo um porta-aviões, o USS “Abraham Lincoln”, um navio de guerra, bombardeiros B-52 e uma bateria de mísseis “Patriot”. No final do mesmo mês, tinha anunciado a transferência para o Médio Oriente de mais mil e 500 soldados.
O diferendo entre os Estados Unidos e o Irão é longo e a crispação está a aumentar desde que o Presidente norte-americano, Donald Trump, retirou, há um ano, o País do Acordo Nuclear Internacional de 2015, assinado entre os 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança — Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China — mais a Alemanha) e o Irão, restaurando sanções devastadoras para a Economia iraniana.