O bispo de Santiago disse este domingo que sua elevação a cardeal é o reconhecimento da história e do papel da Igreja Católica em Cabo Verde e o esforço do Papa Francisco em dar mais responsabilidades às igrejas periféricas.
“Eu acho que são essas duas coisas que se conjugam: o apreço pela história e pelo papel da Igreja em Cabo Verde e a integração de mais gente do Sul para a responsabilidade ao nível da Igreja Católica”, frisou Arlindo Furtado, 65 anos, em declarações à agência Lusa.
Criada em 1533 a partir do desmembramento da então Arquidiocese do Funchal, a diocese de Santiago é a mais antiga circunscrição católica criada no continente africano, depois das invasões muçulmanas no Magrebe.
“A igreja em Cabo Verde tem uma história única em África e é o reconhecimento de uma história, de um trabalho e de um papel na sociedade cabo-verdiana e não só”, prosseguiu o responsável pela Diocese de Santiago, que abrange ainda as ilhas do Fogo, Brava e Maio.
Para D. Arlindo Furtado, o facto de o Papa Francisco ser um homem do Sul, é natural da Argentina, também procura dar à Igreja um equilíbrio em termos de responsabilidades.
“No passado, a Igreja estava muito dominada, com peso grande do hemisfério Norte, da Europa e da América do Norte. Mas agora, o Papa tenta equilibrar um bocadinho, integrando pessoas do Hemisfério Sul, porque é onde a Igreja está a crescer mais rapidamente. É um papa realista, objetivo, equilibrado e inteligente”, elogiou.
O bispo de Santiago disse que ficou surpreso com a indicação e reconheceu que, pessoalmente, o título é “imerecido” porque o mérito é do trabalho e do papel da Igreja em Cabo Verde.
“A minha capacidade, o meu trabalho, o meu desempenho não dão para merecer um título e uma responsabilidade ao nível da Igreja universal que um cardeal tem, mas acho que a Igreja em Cabo Verde sim, na sua história, naquilo que tem vindo a fazer e está a fazer neste momento e fica bem a Igreja em Cabo Verde ter um cardeal”, referiu.
Arlindo Furtado indicou que recebeu a notícia quando estava em Santa Catarina de Santiago, a sua terra-natal, pouco antes de celebrar uma missa na localidade de Chã de Tanque.
“Foi para mim uma surpresa total. Eu não tinha nenhuma indicação prévia que isso poderia vir a acontecer. Eu até disse que teria sido uma brincadeira de mau gosto porque essas coisas também podem acontecer, mas depois, pelo volume de contactos, vim saber que não”, recordou.
Para a Igreja em Cabo Verde, Arlindo Furtado referiu que a sua elevação a cardeal traz “mais responsabilidade”, pelo que todos devem assumir o seu papel de cristãos e missionários para viver a fé e a relação com Deus “com qualidade”.
O primeiro cardeal cabo-verdiano garantiu que até o dia 14 de fevereiro, dia que será elevado formalmente a cardeal, a Igreja poderá realizar alguma celebração especial para se congratular com o “dado novo e histórico”.
Arlindo Gomes Furtado nasceu a 04 de outubro de 1949, fez os estudos teológicos em Portugal e regressou a Cabo Verde, onde foi ordenado padre em 1976, tendo sido ordenado bispo em 2004.
Bispo Santiago: Elevação a cardeal é reconhecimento do papel da Igreja em Cabo Verde
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