O ministro português dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, lamentou a disseminação nas redes sociais de falsificações de comunicados do Governo luso sobre a situação política na Guiné-Bissau.
“Se fôssemos a correr atrás de toda a informação falsa que circula nas redes sociais não fazíamos outra coisa”, disse Santos Silva, explicando por que o Governo português não tomará nenhuma atitude perante a circulação de uma versão falsificada de um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros sobre a situação política na Guiné-Bissau.
Em declarações telefónicas à Lusa, a partir da Costa do Marfim, onde se deslocou numa visita oficial, o ministro reforçou a ideia de que o Governo português está preocupado com o atraso na nomeação de um novo Governo na Guiné-Bissau e com a ausência de data para novas Eleições Presidenciais, mas recusou qualquer interferência no processo, como indiciavam as informações falsas divulgadas nas redes sociais.
No passado sábado, 25, em comunicado, o Governo português manifestou “preocupação com o atraso na nomeação de um Governo na Guiné-Bissau, apesar de estarem reunidas todas as condições exigíveis” para que isso aconteça.
“Portugal recorda que os resultados das Eleições Legislativas do passado dia 10 de Março e os acordos inter-partidários subsequentes permitiram constituir uma maioria parlamentar e, portanto, garantir a viabilização do Governo”, referia o comunicado emitido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Na rede social “Facebook”, dois dias depois, começou a circular uma versão adulterada do comunicado que referia que “Portugal recusa e desmente de maneira categórica as informações sensacionalistas publicadas por alguns meios de comunicação guineenses nas suas edições de 25/05/2019, com uma falsa nota à Imprensa adjunta”.
Nessa versão falsificada, o Governo português rejeitava “qualquer articulação para supostamente nomear o Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau” e atribuía a culpa das notícias falsas ao PAIGC.
O chefe da Diplomacia portuguesa lamentou a existência destas falsas informações e reiterou a posição do Governo português, já apresentada no comunicado do passado sábado.
“Não podemos esconder a surpresa por ainda não haver um Governo nomeado”, explicou Santos Silva, referindo-se ao facto de ter havido Eleições “legítimas e muito concorridas”, cuja votação levou a negociações das quais resultou uma Maioria Parlamentar.
“Temos programas de Cooperação com o Governo da Guiné-Bissau e não queremos que nada se atrase”, disse o ministro, para explicar a sua preocupação pelo atraso no processo de nomeação de novo Executivo.
Santos Silva referiu, ainda, que o actual Presidente da República da Guiné-Bissau terminará o seu mandato em junho, mas não há, ainda, data apontada para a realização de novas Eleições Presidenciais.
“E isso também nos deixa apreensivos”, alertou o ministro.