O secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) disse à Lusa que a organização está a acompanhar “com preocupação” a situação na Guiné Bissau, que “é complexa, com alguns focos de tensão”.
A CPLP “está a acompanhar com preocupação a situação na Guiné-Bissau”, que “é uma situação complexa, com alguns focos de tensão”, afirmou em declarações à Lusa, o embaixador Francisco Ribeiro Telles, considerando que não estão reunidas as condições para a visita de altos responsáveis da Organização àquele País Lusófono da África Ocidental, que chegou a estar prevista.
Ribeiro Telles, secretário-executivo da CPLP desde Janeiro deste ano, explicou que, neste momento, enquanto não existe uma Representação Permanente da Comunidade em Bissau – retirada no passado por questões financeiras – há uma presença da Organização naquele País, através do embaixador de Angola, que está presente na reunião da Comunidade Internacional, o chamado P5, que congrega a União Africana, a União Europeia, as Nações Unidas, CPLP e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDAO).
E assegurou que a CPLP tem acompanhado de perto o que se passa no País, através do diplomata angolano.
Uma ida de altos responsáveis da CPLP a Bissau, que esteve inicialmente prevista pela Presidência de Cabo Verde, País que tem agora a presidência rotativa da CPLP, não se irá efectivar, garantiu Ribeiro Telles.
Porém, acrescentou: “logo que estejam reunidas as condições a visita efectuar-se-á”.
Quanto, a uma possibilidade de a CPLP vir a ter nova Representação Permanente naquele País, o diplomata considerou que, “neste momento, não estão reunidas as condições, quer políticas quer financeiras”, para que tal aconteça.
A Guiné-Bissau está a viver um novo impasse político, que teve início com a Eleição dos membros da mesa da Assembleia Nacional Popular (Parlamento).
Depois de Cipriano Cassamá, do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), ter sido reconduzido no cargo de Presidente do Parlamento, e Nuno Nabian, da Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB) ter sido eleito primeiro vice-Presidente, a maior parte dos deputados bissau-guineenses votou contra o nome do coordenador do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), Braima Camará, para segundo vice-Presidente do Parlamento.
O Madem-G15 recusou avançar com outro nome para o cargo e apresentou uma providência cautelar para anular a votação, mas que foi recusada pelo Supremo Tribunal de Justiça.
Por outro lado, o Partido de Renovação Social (PRS) reclama para si a indicação do nome do primeiro secretário da Mesa da Assembleia.
O Parlamento da Guiné-Bissau está dividido em dois grandes blocos: um, que inclui o PAIGC (Partido mais votado, mas sem maioria), a APU-PDGB, a União para a Mudança e o Partido da Nova Democracia, com 54 deputados; e outro, que juntou o Madem-G15 (segundo Partido mais votado) e o Partido de Renovação Social, com 48.
Em declarações à Imprensa, o Presidente bissau-guineense, José Mário Vaz, justificou o atraso na nomeação do Primeiro-Ministro com a falta de entendimento.
“Não temos Primeiro-Ministro até hoje, porque ainda temos esperança que haja um entendimento entre partidos políticos na constituição da Mesa da Assembleia e porque o Governo é da emanação da Assembleia”, disse.
À semelhança do que aconteceu na semana passada, milhares de jovens bissau-guineenses regressaram às ruas de Bissau, nesta quarta-feira, 22, para exigir ao Presidente José Mário Vaz, a indigitação do Primeiro-Ministro, a nomeação de um Governo e marcação de Eleições Presidenciais.
A manifestação foi organizada pelas juventudes partidárias dos partidos que representam a maioria parlamentar na Guiné-Bissau, depois de realizadas as Eleições Legislativas de 10 de Março.