Dois anos depois da criação da Comissão de Património Cultural da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em maio de 2017, o investigador da Universidade de Cottbus acredita que a criação de uma cooperação mais estreita entre os Estados-membros pode trazer ganhos económicos, sociais, culturais, ecológicos, mas também ao nível da diplomacia cultural, “promovendo o reconhecimento pela diversidade cultural e os direitos humanos”.
“A CPLP tem potencial para intervir na cooperação internacional e tem de ser ativado. Este potencial resulta de uma partilha da língua comum e de uma herança histórica, cultural e linguista entre os povos da CPLP que, que neste caso, facilita o processo de diálogo intercultural e de cooperação. Estes elementos têm de ser ativados para que os Estados-membros se possam ajudar mutuamente”, revelou Gonçalo Monginho, bolseiro do Camões — Instituto da Cooperação e da Língua, que desenvolve o seu trabalho de investigação em colaboração com o Camões Berlim, e a Universidade Técnica de Brandemburgo Cottbus – Senftenberg.
As embaixadas dos países da CPLP organizam hoje à tarde, em Berlim, uma conferência sobre “A diversidade cultural como fator de internacionalização da CPLP”, que pretende assinalar o “Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP”.
Na intervenção “Investir no Património, perspetivas no âmbito da cooperação internacional da CPLP”, o investigador português pretende explorar também “as medidas possíveis para a cooperação multilateral”, ou seja, “estratégias que permitam a partilha de recursos e conhecimentos entre Estados-membros”.
Gonçalo Monginho dá como exemplo concreto a lista do património mundial por ter “algumas dificuldades na representatividade geográfica”.
“Há povos que não estão representados, como os casos de Timor-Leste, da Guiné Equatorial, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe. Através de uma cooperação internacional, os Estados-membros podem partilhar os recursos e os conhecimentos para se ajudarem uns aos outros, no sentido de desenvolver nomeações à lista do património mundial, como também a criação de listas indicativas, além da implementação da Convenção para o Património Mundial Cultural e Natural, através do assegurar da conservação efetiva dos bens património mundial”, refere o bolseiro do Camões.
As cooperações podem também “resultar na identificação do património”, acrescenta, dando o exemplo de Portugal e Brasil que têm “capacidade nesta área e podem intervir e ajudar os países menos favorecidos, em desenvolvimento, ou que têm ainda alguns problemas na área da gestão do património”.
Como estratégias possíveis, apresenta o “capacity-building” (desenvolvimento de capacidades) e o “Upstream process”, usados pela UNESCO.
“Focam-se não só nos profissionais, com responsabilidades diretas na gestão do património, mas também nas instituições, e nas comunidades. Como exemplo, aproximam instituições que têm poder legislativo, mas também organizações não-governamentais que podem atuar na área do património, envolvendo as comunidades. Há um âmbito maior, ao envolver estas três unidades, estão a desenvolver efeitos a longo prazo”, sublinha o investigador.
Integram a CPLP Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
LUSA
CPLP precisa reforçar a área do património cultural e criar sinergias – investigador
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