A Sociedade de Estudos e Promoção de Investimentos (SEPI), detentora de 40 por cento do capital do Banco Cabo-Verdiano de Negócios (BCN), viu reforçado o seu peso na gestão do banco. O português Luís Amado é o novo “chairman” do BCN, estando o banco “reajustado” à nova legislação bancária aprovada pelo Banco de Cabo Verde (BCV), que exige um mínimo de cinco administradores sendo dois independentes.
Os cabo-verdianos recuperam espaço e peso durante a assembleia geral de accionistas do passado dia 15 de Dezembro, ao eleger antigos gestores e fundadores do BCN para o Conselho de Administração
Tal como A NAÇÃO avançara há duas semanas, em primeira mão, o antigo “MNE” de Portugal, Luís Amado, é o novo PCA (Presidente do Conselho de Administração) do BCN. Isso resulta da assembleia geral de accionistas do banco que aconteceu no passado dia 15 deste mês, ao eleger antigos gestores e fundadores do BCN para o Conselho de Administração.
Luís Amado é, também, note-se, o “chairman” do Banif – Banco do Funchal que detém a maioria das acções daquela instituição financeira cabo-verdiana, 51 por cento. Amado troca, assim, de posição com o cabo-verdiano Manuel Chantre, que deixa o CA ao fim de muitos anos para presidir a Mesa da Assembleia Geral, antes sob a responsabilidade de Amado.
MUDANÇAS MAIS IMPACTANTES
Mas as mudanças de fundo estão na nova equipa gestora do BCN. Pela primeira vez, há mais cabo-verdianos no Conselho de Administração do banco. E quase todos da SEPI, a sociedade de empresários cabo-verdianos que deu o pontapé de arranque ao que é hoje o BCN, conforme a lista dos novos órgãos já disponibilizada pelo site do banco.
Com efeito, o CA desta instituição financeira passa a ser formada por Luís Amado, que preside, pelo português Fernando Rodrigues e pelos cabo-verdianos Pedro Barros (fundador e antigo administrador-executivo), Humberto Bettencout (fundador e administrador não-executivo do BCN em 2004), Luís Fonseca (antigo secretário-executivo da CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), Olavo Rocha, empresário e então director-geral do Turismo, e pela economista Ana Carvalho, quadro da casa.
Apesar de a Comissão Executiva ser ainda liderada por Fernando Rodrigues (Banif), salta à vista o facto de os dois restantes elementos (Pedro Barros e Ana Carvalho) serem cabo-verdianos. No caso de Barros, ex-PCA do extinto Promex, a sua reentrada para a CE, a par de Humberto Bettencourt para a administração não executiva, indica claramente um retorno dos antigos fundadores e accionistas do BCN a posições de maior peso dentro da instituição.
SEPI ESPREITA LIDERANÇA
Este dado, enfim, sobressai ainda mais quando se sabe que o Banif está em vias de sair do capital do BCN, havendo negociações e propostas de compra da sua participação por parte de algumas instituições financeiras internacionais, como, de resto, vem sendo notícia. Sucede que, com o reforço da posição do grupo dos cabo-verdianos, resta saber como ficará o processo de alienação das acções do Banif, ou seja, se vai mesmo avançar com a venda ou irá abortar essa ideia.
Ora, com esta nova configuração dos órgãos do BCN, o cenário que se desenha é o Banif ceder a sua participação à SEPI, tanto mais que, sendo parceira estratégica, a sociedade cabo-verdiana de estudos e promoção de investimentos terá opção de recompra em vantagem sobre os demais interessados. Uma estratégia alternativa a não negligenciar tendo em conta as alterações saídas da última Assembleia Geral do BCN, decorrida no passado dia 15 de Dezembro nas instalações do Banco.
ADEQUAÇÃO À LEI BANCÁRIA
De sublinhar ainda que com estes reajustes, o BCN tornou-se na primeira instituição financeira em Cabo Verde a adequar os órgãos à nova lei bancária em vigor no país. É que o BCV alterou a legislação financeira sobre os bancos exigindo um mínimo de cinco administradores, dos quais três executivos e dois independentes, ou seja sem qualquer vínculo com os accionistas ou com o banco em si. E é aqui que entram Luís Fonseca, antigo secretário-executivo da CPLP, e Olavo Rocha, eleitos administradores não executivos. Ao todo o BCN conta agora com sete membros do Conselho.
Recorde-se que o BCN foi criado desde 1996 pelo Banco Totta & Açores, de Portugal. Em 2004 o grupo cabo-verdiano SEPI (Sociedade de Estudos e Promoção de investimentos) adquiriu a totalidade do capital, do BTCV, tornando-se no primeiro banco privado e 100% cabo-verdiano. Em Fevereiro de 2005, a SEPI decide alterar a denominação do Banco passando, a partir dessa data a chamar-se BCN. Dois anos depois estabelece uma parceria estratégica com o Banif, que, todavia, está prestes a terminar com o anúncio do banco luso de querer vender as acções que detém no BCN.
Cabo-verdianos recuperam peso na gestão do BCN
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