A Tailândia realiza, este domingo, 24, Eleições para o Parlamento, o qual permanecerá, contudo, condicionado pelos militares, independentemente do veredito das urnas, quase cinco anos após o Exército ter tomado o poder.
O sufrágio deve restaurar a Democracia que foi suspensa em Maio de 2014, quando os generais justificaram o golpe como forma de acabar com a corrupção e a instabilidade política, após meses de protestos de rua.
Entretanto, a convocação das Eleições, que foi adiada várias vezes, aconteceu após uma reforma legal completa para restringir a margem de manobra dos governos eleitos e fortalecer a interferência militar na vida política do país.
Estas Eleições servirão para avaliar o apoio ou a rejeição popular à Junta Militar e ao primeiro-ministro, o general Prayut Chan-ocha, que aspira a renovar o cargo, desta vez, com a legitimidade das urnas.
O regime militar foi marcado pela intolerância em relação a qualquer forma de dissidência, o que levou centenas de pessoas às prisões.
Nestas Eleições, para que estão inscritos 51,4 milhões de tailandeses, estão em disputa 500 lugares na Câmara dos Deputados, dos quais 350 serão eleitos pelos círculos eleitorais, e outros 150 por listas de partidos, por um período de quatro anos.
Os deputados serão responsáveis pela nomeação do novo primeiro-ministro numa votação-conjunta com os 250 senadores, que são escolhidos a dedo pela Junta Militar e incluirá os chefes das Forças Armadas.
Prayut, proposto como candidato a chefe de Governo pelo Partido Phalang Pracharat, parte com vantagem para estender o seu mandato, uma vez que só precisa do apoio de 126 deputados eleitos.
A Comissão Eleitoral também colocou em prática novas regras que prejudicam os principais partidos, com regulamentos destinados a prejudicar as possibilidades do clã Shinawatra, cujas plataformas políticas venceram em todas as Eleições desde 2001.
Thaksin Shinawatra e sua irmã Yingluck, cujos governos foram depostos pelos militares em dois golpes, vivem no exílio para evitar a Justiça tailandesa e são considerados inimigos pelos adeptos da Monarquia e pelo Comando Militar.
Para ir às urnas, os Shinawatra dividiram o apoio político entre quatro formações, algumas delas novas.
O Pheu Thai, que formou o último governo democrático, é o principal Partido dessa facção, que desta vez decidiu participar dividida em quatro formações para evitar a nova regra que limita o número de lugares por Partido.
Numa tentativa de surpreender os militares, o Partido Thai Raksa Chart, uma das formações ligadas a Thaksin Shinawatra, propôs a candidatura de Ubolratana Mahidol, irmã mais velha do actual Rei da Tailândia.
A candidatura não sobreviveu um dia, já que o monarca Vajiralongkorn declarou, publicamente, a candidatura da irmã como “inapropriada” e “contra o sistema constitucional”.
A Comissão Eleitoral apresentou uma queixa ao Tribunal Constitucional, que finalmente dissolveu o Thai Raksa Chart duas semanas antes das Eleições.
O beneficiário desta situação poderá ser o Anakot Mai, Partido recém-formado e liderado pelo empresário Thanathorn Juangroongruangkit, cujo sucesso entre os jovens eleitores e a sua proposta para reduzir o orçamento militar o colocou na mira dos militares.
Os Democratas, outro Partido na corrida eleitoral, é tradicionalmente preferido pelas elites de Banguecoque, a mesma que apoiou o golpe, mas cujo líder, o ex-primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva, anunciou a sua oposição à continuação de Prayut no cargo de primeiro-ministro.
As Eleições serão as primeiras após a morte do Rei Bhumibol, que faleceu em Outubro 2016, após 70 anos de Reinado.