PUB

Economia

Sal: hiacistas contra lei que obriga viaturas com mais de 10 anos a saírem de circulação

Os condutores e proprietários de “Hiaces”, na ilha do Sal, apelam ao Governo a ponderar a lei que obriga as viaturas com 10 anos a não trabalharem, considerando tal medida de uma “afronta” às famílias cabo-verdianas.

Apreensivos com esta decisão do Governo, algumas pessoas que vivem da exploração dessas carrinhas de passageiros, em conversa à Inforpress sobre a matéria, dizem que esse decreto-lei é sinónimo de mais desemprego, fome, “uma autêntica afronta” para as famílias cabo-verdianas.

“Como é que vamos viver se o Governo retirar, de facto, os carros da praça com mais de dez anos. Há que rever essa situação. Fechamos o dia com cerca de dois/três mil escudos. Não temos capacidade financeira para ir ao banco fazer um empréstimo para comprar um carro novo”, desabafou Ney um dos motoristas.

Lineu Dias, igualmente desassossegado com a medida, conta que chega ao terminal de “Hiaces” para se colocar na fila às cinco da manhã e só consegue fazer a primeira volta até Santa Maria às 17 horas, regressando só por volta das zero horas.

“É um sacrifício conseguir facturar dois mil escudos por dia. Tenho filhos, família, responsabilidades. Não consigo ir ao banco pedir financiamento para a aquisição de um carro novo, já que a prestação mensal pode rondar os 60 mil escudos…onde vou buscar esse dinheiro”, exteriorizou, observando que a câmara concedeu licença “desenfreadamente” aos “Hiaces”, estando nessa corrida mais de cem carros de aluguer do tipo.

António Brito, proprietário de um desses carros de aluguer, manifestando-se, igualmente, aborrecido com esta lei, defende, por outro lado, maior fiscalização nas paragens, com vista a uma maior ordem e disciplina nas praças.

“É uma péssima medida, esta lei. Não lembraram na barriga dos pobres. Nós é que os colocamos lá. Deviam ouvir a classe, antes. Cabo Verde é um país pobre. Não temos condições para fazer mudança de carro de dez em dez anos”, manifestou, alegando que os serviços da inspecção técnica da ITAC são viáveis, devendo-se, então exigir maior rigor às inspecções, conferindo mais e maior segurança às viaturas.

“Deve-se, então, exigir uma inspecção mais rigorosa. Dou apenas uma volta de fila por dia. Se me tirarem o carro de circulação, aonde vou trabalhar, quem vai sustentar os meus filhos, a minha família. Penso que o Governo deve ser mais sensato e rever a situação”, disse.

Aproveitando a presença do líder da UCID, que se encontra no Sal para uma visita de dois dias, para tomar pulso daquilo que vai acontecendo na ilha, com foco nas questões socioeconómicas, estes cidadãos que trabalham neste sector pediram a António Monteiro que faça eco desse descontentamento junto do poder central, reivindicando a ponderação lei.

“Nós pensamos que o Governo foi extremamente rígido e muito apertado em termos de anos destes veículos. Porque exigir que um veículo com dez anos, que esteja em condições de funcionalidade, condições de segurança, ser colocado de lado para não trabalhar… é o mesmo que contribuir para o aumento do desemprego”, observou António Monteiro, em jeito de solidariedade para com estes profissionais.

António Monteiro acrescenta, por outro lado, que além desta preocupação, uma outra questão tem a ver com o transporte dos turistas.

“Como é que poderão desenvolver as suas actividades se o Governo não está a defender esse sector micro, dando primazia ao sector macro, às grandes cadeias, grandes operadores”, questionou o líder da UCID, sublinhando que, se se quer que esse grupo de profissionais invista em “hiaces” novos “dever-se-ia determinar” uma quota para os operadores e deixar a restante quota para que esses outros, possam ter mercado e clientes.

Inforpress

*Título da responsabilidade da redacção

PUB

PUB

PUB

To Top