A tomada de posse do novo Presidente da República (PR) Democrática do Congo (RDCongo) Felix Tshisekedi, que sucede a Joseph Kabila, está confirmada para esta quinta-feira, 24, de acordo com fontes da actual e da futura Presidência à France-Presse.
A prestação de juramento está prevista para começar às 12H00 locais (10H00 em Cabo Verde), no Palácio da Nação, em Kinshasa, sede da actual Presidência.
Esta é a primeira passagem do poder pacífica de um Presidente ao seu sucessor desde a independência do ex-Congo Belga, proclamada no mesmo Palácio da Nação, em 30 de Junho de 1960.
Tshisekedi, 55 anos, prepara-se para se tornar no quinto PR do país, ao assumir as funções de Joseph Kabila, que prestou juramento em 26 de Janeiro de 2001, dez dias depois do homicídio do seu pai e antecessor, Laurent-Désiré Kabila, por um guarda-costas.
A vitória de Tshisekedi nas eleições de 30 de Dezembro não é reconhecida pelo outro candidato da oposição, Martin Fayulu, que se auto-proclama “Presidente eleito” e denuncia, reiteradamente, a “fraude eleitoral” de Kabila, com a cumplicidade de Tshisekedi.
Os argumentos de Fayulu encontram apoio na contagem paralela dos votos pela poderosa Conferência Episcopal congolesa, que deslocou mais de 40 mil observadores para as estações de voto em todo o país, assim como com uma investigação divulgada pelo “Financial Times” (FT).
O diário britânico teve acesso aos dados das estações de voto electrónico utilizadas nas Eleições, correspondentes a 86 por cento (%) dos votos escrutinados em todo o país, que mostram a vitória de Fayulu, com 59,4% dos votos, contra uns muito distantes 19% dos boletins escrutinados a favor de Tshisekedi e 18% dos votos recebidos por Emmanuel Shadary, o terceiro candidato mais votado, delfim do Presidente cessante, Joseph Kabila.
Os dados do FT e da Igreja Católica no país “correlacionam-se quase exatamente”.
Depois de várias hesitações – e após a validação pelo Tribunal Constitucional da RDCongo dos resultados divulgados pela Comissão Eleitoral do país (Ceni) -, a União Africana e a União Europeia indicaram, através de um comunicado-conjunto, que estavam disponíveis para “trabalhar com o Presidente Tshisekedi e com todos os partidos congoleses”.
Tshisekedi deverá escolher um Chefe de Governo entre os deputados pertencentes à maioria parlamentar, apoiante de Joseph Kabila.