A Primeira-Ministra (PM) britânica sustenta que o Parlamento tem o “dever” de aprovar o Acordo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE), perante a incerteza em torno do processo e de um possível adiamento da data da saída.
Num discurso em Stoke-on-Street, uma cidade industrial no centro de Inglaterra, que votou maioritariamente a favor da saída no Referendo de 2016, Theresa May vai esta manhã tentar aumentar a pressão sobre os deputados, de acordo com alguns trechos já antecipados pelo Gabinete da PM.
“Temos todos o dever de implementar o resultado do referendo”, avisará, advertindo que um fracasso “causaria danos catastróficos à confiança do povo no processo democrático e nos seus líderes políticos”.
De acordo com trechos já divulgados, a Chefe de Governo acredita que “alguns” membros do Parlamento querem “adiar ou mesmo parar o ‘Brexit’ e vão usar todos os meios possíveis para o conseguir”.
Hoje é a véspera do voto sobre o Acordo negociado pelo governo com Bruxelas para garantir uma saída ordenada da UE e um período de transição até ao final de 2020, durante o qual serão negociadas as futuras relações entre as duas partes.
Porém, dezenas dos 317 deputados do Partido Conservador e os dez deputados do Partido Democrata Unionista ameaçaram reprovar o documento, devido à insatisfação com a solução de salvaguarda incluída para evitar uma fronteira física entre a região britânica da Irlanda do Norte com a vizinha europeia Irlanda.
O chumbo do documento poderá obrigar o Governo britânico a pedir uma extensão do período estipulado pelo artigo 50.º do Tratado de Lisboa (Portugal), que foi activado por Londres, em 2017, para formalizar o pedido de saída da UE, para além de dois anos e que termina a 29 de março de 2019.
Embora o governo britânico mantenha como posição oficial que não pretende fazê-lo, o diário “The Guardian” noticia que a União Europeia está a preparar-se para essa eventualidade, aguardando um pedido “nas próximas semanas”.
Citando fontes anónimas da UE em Bruxelas, os 27 estariam preparados para oferecer uma extensão “técnica” até Julho, data da tomada de posse dos deputados eleitos em Maio para o Parlamento Europeu, para o Reino Unido resolver o impasse.
Na semana passada, o porta-voz do partido Trabalhista para os Assuntos Internos, Keir Starmer, disse no Parlamento que pedir um prolongamento do artigo 50.º e adiar o “Brexit” “pode ser inevitável”, devido à probabilidade elevada de o Acordo ser reprovado.
No domingo, 13, o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, afirmou à BBC que tal seria necessário se a Moção de Censura que pretende apresentar contra o Governo for aprovada e convocadas Eleições Legislativas.