“Passei a primeira noite sentado no chão e vou continuar nestas condições até que consiga o visto no passaporte da minha mulher, com quem sou casado há três anos”, afirmou Carlos Pereira ao ser hoje visitado pela Inforpress à frente do Cento Comum de Vistos, que também fica frente à sede das Nações Unidas na capital cabo-verdiana.
Este cidadão português é casado com uma cabo-verdiana e pretendem passar férias em Portugal, mas o CCV tem recusado o visto de entrada à mulher.
Em declarações à Inforpress, revelou que a mulher dele foi hoje chamada pela directora do CCV e pensou que do encontro pudesse resultar algo positivo, ou seja, a esposa podia ter a garantia de que lhe ia ser concedido o referido visto.
“Em vez de trazer boas notícias que iria ter visto, trouxe uma mensagem dirigida a mim, ou seja, uma chantagem psicológica, que é o que se tem feito no interior deste edifício (Centro Comum de Vistos) com os cabo-verdianos, mas a mim não fazem”, precisou Carlos Pereira, que hoje teve a solidariedade do seu conterrâneo João Areias que também se encontra na mesma situação.
Segundo ele, a responsável do CCV mandou-lhe dizer que a sua presença na parte exterior do CCV “só está a dificultar o processo”.
“Que processo estou a dificultar se entreguei todos os documentos exigidos? Estou aqui em protesto da recusa do visto à minha mulher. Não estou aqui a fazer desacatos, se calhar, gostariam que eu fizesse”, lamentou, reiterando que permanece em greve de fome até que a esposa tenha o almejado visto.
Para Carlos Pereira, a directora do CCV quer “usar chantagens” para ver se a sua mulher o retira do local, pois, diz ele, a sua presença no local “deve estar a incomodar” aquela responsável.
“Já pedi à minha mulher para abandonar o local e deixar-me sozinho, a fim de não baixar a minha moral”, enfatizou o cidadão português.
A viagem do casal está marcada para o dia 07 de Dezembro e regresso a 14 de Janeiro, de acordo com as informações que o marido prestou à Inforpress.
Da Embaixada de Portugal, João Pereira não quer ouvir falar, porque, segundo ele, foi pedir ajuda e a embaixadora, “por detrás da vidraça não me quis receber”.
Conforme alegou, durante a sua presença no interior da Embaixada de Portugal, aproximou dele um senhor, por sinal o cônsul, a quem apresentou os seus problemas, mas este lhe disse que podia permanecer ali.
“Virei-me para ele e disse-lhe: estou no território nacional, ao que me retorquiu: não, não o senhor está em Cabo Verde”, conta Carlos Pereira, indignado com a forma como um “cidadão português é tratado na Embaixada do seu país”.
Instado quem seria responsável caso prossiga com a greve até morrer, foi peremptório: “Esta senhora que se diz ser embaixadora é que deve ser responsabilizada por isto, assim como o meu país, como é óbvio”.
“Quero agradecer à Policia Nacional pela segurança que me garantiu durante toada a noite, com rondas moveis”, conclui.
João Areias é também um outro português casado com uma cabo-verdiana há um ano e não consegue um visto para a mulher dele ir para Portugal de visita.
“Os cabo-verdianos são maltratados neste Centro Comum de Vistos. À porta, são-lhes retirados os telemóveis. Isto é humilhante e parece que se está a entrar numa prisão, onde se retira às pessoas o cinto e a roupa”, queixa-se João Areias.
Na sua opinião, o pessoal de segurança é a parte “mais simpática” do CCV, porque, prossegue, é “horrível tratamento que dão às pessoas lá em cima”.
Inforpress