A guerra comercial entre a China e os EUA (Estados Unidos da América) é o ponto forte da Cimeira do G20, que começa sexta-feira, 30, na Argentina, com uma agenda preenchida de temas polémicos e sem grande esperança de resultados.
Buenos Aires será o palco do primeiro encontro entre a primeira-ministra britânica, Theresa May, e o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, desde o ataque em Salisbury com agentes químicos que matou Dawn Sturgess, provocando um incidente diplomático com repercussões em todo o mundo.
Mas Putin terá outros encontros difíceis, na Cimeira dos G20, que se inicia sexta-feira, com uma agenda pesada de discussões plenárias e de encontros bilaterais, em que o tema mais relevante será o da negociação de relações comerciais entre os EUA e a China.
Os analistas não colocam grande esperança em desenvolvimentos significativos nos temas mais delicados e Jorge Faurie desvaloriza a Declaração Final da Cimeira, dizendo que esse texto tende sempre a ser “pouco conclusivo” e “tão longo que ninguém verdadeiramente se preocupa com o seu conteúdo”.
O Presidente dos EUA, Donald Trump, também terá a sua agenda própria e muito preenchida e várias explicações para dar, nomeadamente, sobre a sua posição face ao Irão (relativamente às sanções no setor petrolífero) e face à Arábia Saudita (com quem insiste em manter relações de aliança, apesar das suspeitas de envolvimento do príncipe herdeiro, Mohammed Bin Salman, da coroa no assassínio do jornalista Jamal Khashoggi).
A ameaça de guerras comerciais, com o endurecer de posições entre a China e os EUA, e após as declarações de Trump, na segunda-feira, ameaçando estender o âmbito do aumento de taxas aduaneiras aos produtos chineses importados para os EUA, devem tomar conta de grande parte das discussões deste encontro que reúne 19 países e ainda a União Europeia.
Donald Trump aproveitará a Cimeira de Buenos Aires para um encontro bilateral com o Presidente da China, Xi Jinping, para tentar acalmar a escalada de ameaças de rompimento de negociações, com os EUA a acusarem o governo chinês de não corresponder aos esforços de entendimento.
A União Europeia trará para a mesa a questão do “Brexit”, que tem efeitos nos entendimentos comerciais e políticos globais e que está a ser discutido no Parlamento britânico enquanto Theresa May participa no encontro de Buenos Aires, perante uma enorme incerteza acerca da aprovação parlamentar do Acordo de Saída, cuja votação está marcada para 11 de Dezembro.
Um aliado importante de May deverá ser o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, que procura parcerias comerciais com o Reino Unido no momento em que a saída da União Europeia empurra os britânicos para novas rotas.
Mas Shinzo Abe terá de equilibrar esta aliança com as delicadas relações à volta do controlo dos mares da China, que tem sido tema de prolongado debate no âmbito da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), num impasse que será transportado para a reunião dos G20.
E, mais uma vez, o tópico resvalará para as relações comerciais internacionais, com a União Europeia a repetir o apelo para que a China se envolva numa reformulação das regras da Organização Mundial do Comércio, para evitar que os EUA criem uma organização paralela – um dos temas que Trump quererá abordar no encontro, trazendo para a discussão o México e o Canadá e o exemplo de acordos comerciais que se estabeleceram ao longo do corrente ano.
O apoio ao regime sírio por parte da Rússia e o recente apresamento de navios ucranianos pela Rússia serão tópicos na vertente militar da reunião, que discutirá ainda o problema dos migrantes e a estratégia na luta contra a pobreza e as desigualdades, perante relatórios da ONU a dizer que os recentes esforços têm sido parcos em resultados.