O político e sociólogo Mário Matos estreia-se com a sua primeira obra literária “O Chamego de Pablito”, livro de contos que é lançado esta quinta-feira, 27, na cidade da Praia. A apresentação da obra, a cargo da historiadora Zelinda Cohen, acontece no auditório no instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP), às 18H30.
“O Chamego de Pablito e Outros Contos”, que já foi apresentado em Lisboa, é o livro de contos com a qual o político e sociólogo Mário Matos, aos 63 anos, estreia-se no mundo da literatura. Tendo desempenhado várias funções políticas, Matos assume-se agora como escritor e contista, tendo em agenda o lançamento de um livro de poemas em língua cabo-verdiana, outro livro de contos, e a preparação de um romance.
Mas, falando da sua primeira obra, dada à estampa pela Rosa de Porcelana Editora, Mário Matos diz que escreveu o primeiro conto na década de 1990 mas, no entanto, perdeu-o. Este primeiro conto, revela, já trazia esta marca do “insólito” que traz neste seu primeiro livro publicado. Posteriormente dedicou-se à escrita de artigos de análise político e crónicas.
A veia para contos voltou a surgir em 2008 quando fazia hemodiálise e que foram retomados no hospital de Santa Maria, Portugal, durante um internamento de longa duração. “Foi como uma epifania, comecei a escrever contos quase que febrilmente e senti dentro de mim que queria escrever literariamente enquanto pudesse”, revelou Mário Matos.
Mário Matos reconhece ter sido “muito influenciado” por escritores do realismo fantástico, e que cultiva muito o Alain Paul, que considera “uma referência”, e admite ter imitado Gabriel Garcia Marques, que escreveu os doze contos peregrinos. Matos viria a escrever doze contos que constam do seu livro ora publicado.
Não misturar contos com política
A preparar a sua segunda obra, também de contos, Mário Matos adianta que vai abordar temáticas sociais, algumas ainda, segundo o autor, constituindo “tabu” na sociedade cabo-verdiana mas, no entanto, manifesta a sua vontade de não misturar a literatura com a política. “Quando eu quiser falar da política, fá-lo-ei na 1ª pessoa em artigos de opinião próprios e em análises e combates políticos”, admite.
Deputado da Nação pelo grupo parlamentar do PAICV, de 1996 a 2008, Matos diz que a sua actividade política, neste momento, encontra-se “de molho” mas que continua a ser um “observador atento” e a fazer todos os esforços para acompanhar a vida política e social em Cabo Verde. “Continuo a fazer isso para não perder o pé, mas faço-o com menos intensidade do que fazia no passado”, sustenta.
Outros projectos
Enquanto escritor, Mário Matos garante que tem na “forja” um livro de poemas que, segundo ele, na verdade é a sua primeira obra e que foi ultrapassada pelos contos de “O Chamego de Pablito”. Este livro de poemas, de acordo com o escritor, é na variante crioula de São Vicente, a sua ilha natal.
Em carteira ainda, Matos fala de um “projecto de amor antiquíssimo”, que é um ensaio sobre São Vicente do ponto de vista que se coloca em relação à outras realidades e que será completado, numa segunda parte, com uma coletânea dedicada à várias problemáticas da Ilha do Porto Grande. Nesta obra, Matos garante que tem artigos que se constituem em “propostas concretas” sobre o Carnaval, o museu do Carnaval, a Fundação do Carnaval, a formação, área de que é especialista, ao subsistema de formação artística em São Vicente e em relação ao futuro da Cabnave e a agro-indústria.
Mário Anselmo Couto de Matos nasceu na cidade do Mindelo, São Vicente, em abril de 1954. É licenciado em Sociologia e Pós-graduado em Ciências Política e Relações Internacionais, ramos Globalização e Ambiente, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Foi deputado da Nação de 1996 a 2008, tendo desempenhado, entre outras funções, a de líder parlamentar do PAICV (2000-2001) e de primeiro vice-presidente da Assembleia Nacional de Cabo Verde (2006-2008). Foi nomeado ministro da Agricultura, Ambiente e Pescas em 2001.
Agora, como escritor, lançou a sua primeira obra intitulada “O Chamego de Pablito e Outros Contos”, tem em fase de conclusão um livro de poemas em língua cabo-verdiana e em preparação um segundo livro de contos e um romance.