O governo britânico anunciou a concessão de mais 46 milhões de libras (51 milhões de euros) para a remoção de minas terrestres em nove países, incluindo Angola, através da introdução de nova tecnologia e de formação às populações locais.
“São muito boas notícias para Angola, porque, nos últimos anos, o financiamento tem vindo a baixar. Chegámos a ter mil e 200 pessoas a trabalhar na remoção das minas terrestres, mas, actualmente, só temos 200”, afirmou Paul McCann, director de comunicações da “Halo Trust”.
Esta organização vai colaborar, no terreno, com a “Mines Advisory Group” (MAG), “Norwegian People’s Aid” e “Geneva International Centre for Humanitarian Demining”, para aplicar esta ajuda.
“Vamos poder aumentar a área de intervenção. As áreas onde trabalhamos são rurais e remotas e ajudamos famílias mais marginais, que têm um acesso limitado a terrenos e água devido às minas”, afirmou McCann, à agência Lusa.
O financiamento será usado em nova tecnologia, como detectores por radar e engenhos controlados de forma remota, como o “Mine Wolf”, uma máquina com oito toneladas, fabricada em Newcastle, que pode limpar até 12 mil metros quadrados por dia.
O dinheiro será, também, aplicado na formação de equipas femininas para o trabalho de remoção de minas, incluindo de mecânica de veículos e primeiros socorros, e em programas de sensibilização para o perigo das minas terrestres.
Além de Angola, este pacote de investimento vai ser implementado no Camboja, Somália, Zimbabué, Burma, Sudão do Sul, Laos, Líbano e Vietname, beneficiando um total estimado de 820 mil pessoas.
Estes 51 milhões de euros são um montante adicional aos cem milhões de libras (111 milhões de euros), prometidos pelo governo britânico, no ano passado, num evento onde esteve presente o Príncipe Harry, que mantém o apoio dado pela mãe, a princesa Diana, a esta causa.
Dos 111 milhões de euros destinados a remover minas de 150 mil quilómetros quadrados de terras, beneficiando, pelo menos, 800 mil pessoas, mais de cem milhões já foram gastos em projectos em países como Iraque, Sri Lanka ou Afeganistão.
Angola é um dos 11 países que ainda têm mais de cem quilómetros quadrados de áreas com minas terrestres, segundo um relatório da “International Campaign to Ban Landmines” (ICBL), de 2015.
Os engenhos explosivos foram colocados, sobretudo, durante a guerra civil de 27 anos, que acabou em 2002, e muitos continuam activos, sendo responsáveis por milhares de mortes e ferimentos, incluindo mutilações.
Este país africano Lusófono tinha, segundo dados de 2016, um total de mil 858 áreas livres de minas e mil 435 por limpar, contando apenas com apoio financeiro dos Estados Unidos da América, Japão, Suíça e União Europeia.