Os deputados iranianos manifestaram, esta terça-feira, 28, insatisfação ao Presidente (PR), Hassan Rohani, face às dificuldades económicas e sociais do Irão, durante uma convocação inédita do Parlamento.
Trata-se da primeira convocação de Rohani perante os deputados para se explicar, num contexto cada vez mais tenso, devido aos desenvolvimentos do dossier nuclear e o regresso das sanções norte-americanas.
Esta audição, que durou cerca de duas horas, abordou, também, a demissão, após um voto favorável do Parlamento, dos ministros do Trabalho, a 8 de Agosto, e da Economia, no domingo.
Apesar das tentativas de explicação do Presidente, os eleitos manifestaram profunda insatisfação sobre quatro dos cinco dossiês submetidos a voto.
Segundo as regras do Parlamento, as questões para as quais os deputados não obtêm resposta satisfatórias serão submetidas à Justiça por parecer.
Rohani, um moderado, não apresentou nesta sessão novas propostas para tirar o país do marasmo, escreve a “France Presse”.
“O povo não tem medo dos Estados Unidos. Tem medo da nossa desunião. Se o povo vir que estamos unidos, compreenderá que os problemas serão resolvidos”, acrescentou o Presidente.
A saída dos Estados Unidos do Acordo de 2015 sobre o Nuclear e o recente restabelecimento de sanções reforçaram as dificuldades e fragilizaram o Presidente moderado, reeleito no ano passado após um primeiro mandato de quatro anos.
Com receio de sanções norte-americanas, muitos grupos internacionais anunciaram já a retirada do país, como os franceses Total, Peugeot e Renault, e os alemães Siemens e Daimler.
“O que fizemos com esta nação? Chegámos à miséria (…), a classe média está à beira da pobreza”, declarou no domingo Elias Hazrati, um deputado da ala reformadora.
Os opositores conservadores ao Presidente Rohani, hostis de longa data à sua vontade de reaproximação aos países ocidentais e de apoio em matéria de liberdades civis, imputam, por outro lado, a crise à corrupção.
O Parlamento tem, legalmente, o poder de destituir Rohani. Mas o Presidente continua – até nova ordem – a beneficiar do apoio do guia supremo: o ayatollah Ali Khamenei.