Um Tribunal de Myanmar adiou, esta segunda-feira, 27, o veredicto no caso dos dois jornalistas da agência Reuters acusados de obterem ilegalmente documentos oficiais do Governo, na sequência de uma investigação que realizavam sobre “limpeza étnica” da minoria rohingya.
O veredicto, que devia ser hoje conhecido, foi adiado para o próximo dia 3 de Setembro, por motivo de doença do juiz Ye Win, informou a agência Associated Press.
Wa Lone, de 31 anos, e Kyaw Soe Oo, de 27, foram detidos em Dezembro por, alegadamente, terem obtido “documentos secretos importantes” de dois polícias.
Em Julho, foram acusados, oficialmente, de violarem a “Lei de Segredos Oficias”, que data da época colonial, crime pelo qual arriscam, agora, uma pena de até 14 anos de prisão. Ambos declararam-se inocentes.
Na investigação que levaram a cabo, os dois jornalistas citam aldeões budistas que terão participado com soldados no massacre de Inn Dinn, a 2 de Setembro do ano passado, quando dez rohingya foram mortos.
No sábado, 25, milhares de refugiados rohingyas manifestaram-se nos campos de refugiados do distrito de Cox’s Bazar, Bangladesh, para exigir “justiça”, um ano depois da fuga em massa devido à violência das Forças de Segurança de Myanmar (antiga Birmânia).
“Estamos a pedir justiça à ONU”, gritaram os refugiados.
O drama humanitário fez no dia 25 um ano e o seu epicentro foi no Estado de Rakhine, Oeste de Myanmar, quando mais de 700 mil membros da minoria muçulmana rohingya foram obrigados a fugir para o vizinho Bangladesh.
Myanmar, onde a população é maioritariamente budista, não reconhece esta minoria muçulmana como parte da sua população, cortando-lhe direitos fundamentais e impondo-lhe múltiplas restrições, nomeadamente a liberdade de movimentos.
Esta campanha de repressão do exército de Myanmar contra os rohingyas é classificada pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos como “uma limpeza étnica”, marcada por violações, assassínios e destruição das casas desta minoria entre 2016 e 2017.