“Quinta Pilão de Nha Rainha” é um projecto turístico montado pelo ex-emigrante Joaquim Monteiro, em Cumbem, na cidade da Assomada. O espaço, para além de oito quartos disponíveis para hospedagem, dispõe também de um “jardim zoológico” com várias espécies de animais exóticos, entre os quais um casal de avestruzes.
Em conversa com A NAÇÃO, Joaquim Monteiro confessa que, desde criança, é um apaixonado por animais. Conta que aprofundou essa paixão na Suíça, país onde viveu e trabalhou vários anos num campo agrícola e espaço de criação de diversos tipos de animais.
“Trabalhei com avestruz e vários outros animais exóticos e isso serviu-me de inspiração para trazer este projecto para Cabo Verde. Graças a Deus, consegui esta parcela de terreno em Cunbem e, apesar de certas dificuldades, estou bastante satisfeito com os resultados até aqui conseguidos”, vinca.
Joaquim Monteiro revela que o seu sonho é tornar o espaço num jardim zoológico, ainda que adaptado às condições de Cabo Verde e/ou de Santa Catarina. “Não vou montar um zoológico idêntico ao que poderia encontrar na Europa ou outra parte do mundo. Já tenho 40 por cento dos cinco mil hectares de terreno ocupados, o que já é um bom sinal. Pouco a pouco, vou chegar ao que pretendo”, manifesta Monteiro.
Animais disponíveis
No “zoológico” ainda em construção, os visitantes já podem encontrar aves de várias espécies, designadamente, avestruz, pavão, faisão, gansos, galinhas poedeiras de ovos pretos e azuis, galos grueiros do Panamá, codorniz, perdiz vermelho, galinha-do-mato, mas também porquinhos da-índia, macacos, tartarugas, cabras, carneiros etc.
Entusiasmado, o nosso entrevistado diz que ainda não trouxe outras espécies, como tigres, por exemplo, por serem ferozes e a legislação cabo-verdiana não o permitir.
Joaquim Monteiro diz que o seu espaço está aberto a todo tipo de público e pode ser visitado de segunda-feira a sábado, das 9 às 12 horas, e das 14 às 16 horas.
“Cobramos uma taxa de 100 escudos por uma visita guiada. Estamos disponíveis para pais acompanhados dos filhos, mas também crianças de jardins infantis, ensino básico, estudantes do liceu e universitários, sobretudo os interessados pela biologia, fauna e flora, podem vir aqui fazer as suas pesquisas. Até porque temos espécies de animais de todos os continentes”.
Joaquim avança que brevemente vai ter disponível novas espécies, designadamente, hubos e vulturina, espécie de galinha de mato de cor azul, que é duas vezes maior que a espécie existente em Cabo Verde. “Este meu projecto é para fazer as pessoas, mormente as crianças, conhecerem de perto as várias espécies de aves existentes no mundo. Sempre que viajo procuro trazer uma nova espécie animal comigo”.
Acolhimento
Joaquim Monteiro avança que “Quinta Pilão de Nha Rainha” já dispõe de oito quartos devidamente equipados. “O espaço está aberto ao público e tem capacidade para receber cerca de 120 pessoas por cada actividade. Recebemos pessoas para festas de casamento, aniversários, baptizados, ‘xintadas’ de grupos. E temos também piscina disponível para grupos a partir de cinco pessoas”.
Comida a gosto do freguês
O nosso interlocutor adianta que na “Quinta Pilão de Nha Rainha” os clientes têm a possibilidade de confeccionar as suas próprias refeições, com produtos locais e naturais, designadamente, carnes de aves, bovino ou caprino, assim como legumes e frutas.
“Não utilizamos nenhum tipo de fertilizante químico. Aqui, tudo é orgânico. O cliente tem a liberdade de escolher uma cabra, um carneiro, uma galinha ou peru para ser abatido e consumido na hora. Temos uma churrasqueira onde os clientes podem confeccionar a sua refeição pelo que oferecemos os ingredientes e acessórios necessários. Porém, se o cliente quiser, a nossa equipa confecciona as refeições. No caso das pessoas vegetarianas, temos também disponível o mesmo tipo de serviço, isto é, podem confeccionar o seu próprio alimento, com vegetais frescos e orgânicos”.
Constrangimentos
Aquele empreendedor afirma que, neste momento, uma das suas maiores dificuldades é o estado em que se encontra a estrada de acesso, assim como roubos e ataques de cães e gatos selvagens.
“A estrada de terra batida, infelizmente em muito mau estado de conservação, dificulta a circulação de certos tipos de veículos. Neste período de seca, o pó incomoda as pessoas e no período da chuva é a lama que não permite a circulação das pessoas e viaturas”.
Joaquim Monteiro afirma que já falou com as autoridades competentes do concelho que prometeram resolver o problema com o calcetamento das vias de acesso. “Estamos à espera, sabemos que as coisas não resolvem de uma vez”.
Monteiro desabafa também que tem sofrido bastante com os cortes frequentes de energia, o que lhe tem causado enormes prejuízos. “Às vezes, tenho centenas de ovos na chocadeira e prontos para sair, mas, devido a falhas de energia, boa parte ou a totalidade acaba por se estragar”.
Busca de parcerias
Para ultrapassar os constrangimentos verificados e vencer outros desafios, o nosso entrevistado avança que está a trabalhar no sentido de encontrar parceiros para desenvolver o projecto de forma sustentável.
“Estou a pensar na importação de autocarros destinados a transporte de turistas, mas para isso preciso de isenção de algumas taxas e impostos. Quero também criar pontos turísticos com sistema de guias através de GPS e para isso necessito de isenção na importação dos equipamentos. Preciso também de guias turísticos formados no turismo rural. Até porque os meus clientes são pessoas que gostam de animais e montanhas e já tive vários pedidos que não consegui responder”.
SM