A menos de dois anos para o início dos Jogos de 2020, Tóquio vai, aos poucos, ganhando uma cara olímpica. Entre obras, a capital japonesa caminha para se tornar uma cidade cada vez mais sustentável, com iniciativas ecológicas que, necessariamente, passam pela Olimpíada e pela Paralimpíada.
Um exemplo disso são as mais de cinco mil medalhas que serão distribuídas no megaevento: elas serão produzidas a partir de lixo eletrônico descartado.
Desde abril de 2017, autoridades municipais estão coletando celulares usados e outros eletrônicos em lojas, agências de correio e até em domicílio. Até agora, o Comitê Organizador dos Jogos, o Ministério do Meio Ambiente, a prefeitura de Tóquio e uma operadora de telefonia já receberam mais de três milhões de peças, que somam cerca de 14 mil toneladas de material eletrônico. Mais de 70% das cidades japonesas aderiram à campanha, que vai até o primeiro semestre de 2019 caso a quantidade necessária não seja atingida antes.
— Acredito que reunir o povo do japonês para participar do projeto de medalha de Tóquio-2020, que simboliza a conquista de um atleta, é uma ótima maneira para o país anfitrião demonstrar seu compromisso com a sustentabilidade ambiental, além de assegurar que o público esteja ativamente envolvido nos preparativos para os Jogos —diz o nadador japonês Takeshi Matsuda, dono de quatro medalhas olímpicas.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente do Japão, as medalhas também contarão com 0,048 grama de ouro, 0,26 grama de prata e 12 gramas de cobre. As de ouro devem ser banhadas com pelo menos seis gramas de ouro puro. A reciclagem na fabricação das peças não é exatamente uma novidade, e começou a ser usada nos Jogos Olímpicos de inverno de Vancouver, em 2010. Na Olimpíada de 2016, as medalhas de prata e bronze produzidas pela Casa da Moeda continham 30% de elementos reciclados.
O Projeto Medalha Tóquio-2020 é parte de uma estratégia conduzida pelo primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, de liderar a promoção internacional do desenvolvimento sustentável. O processo se baseia no conhecimento do país em aproveitar recursos escassos na tecnologia de ponta, que é marca nacional, e faz parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (SDGs), um conjunto de 17 metas voltadas para questões como: pobreza, fome e segurança alimentar, água e saneamento básico, educação de qualidade, igualdade de gênero, produção e consumo responsáveis, mudanças climáticas e biodiversidade.
Obras a pleno vapor
De acordo com o último relatório divulgado pelo Conselho Esportivo Japonês, o cronograma de obras está em dia. Segundo o Comitê Organizador Local, instalações destinadas à Olimpíada estão entre 20% a 40% prontas. Isso inclui a Vila Olímpica — composta por 21 prédios e que deve ficar pronta em dezembro de 2019 — e o Centro Olímpico Aquático, que receberá competições de natação, mergulho e nado sincronizado.
O novo Estádio Olímpico está com 40% das obras concluídas. A arena será o palco da abertura das Olimpíadas e, com o avanço das obras, deverá ser inaugurado em novembro de 2019. Os Jogos Olímpicos de Tóquio serão realizados entre 24 de julho a 9 de agosto de 2020.