O Reino Unido não vai impedir a extradição para os Estados Unidos da América (EUA) de dois cidadãos britânicos suspeitos de sequestrarem e decapitarem reféns na Síria, apesar de a Justiça dos EUA prever a pena de morte para estes casos.
A decisão está a originar diversos protestos por organizações de direitos humanos, com a Amnistia Internacional (AI) a considerar a decisão de “preocupante”.
Em casos de extradição, o Governo de Londres apenas pode pedir aos países que solicitam extradição a garantia de que os cidadãos britânicos não serão condenados à morte.
Os dois homens são acusados de integrar uma célula do grupo “jihadista” Estado Islâmico (EI) que actuava na Síria.
De acordo com o diário “Daily Telegraph”, o ministro do Interior e da Justiça do Reino Unido, o conservador Sajid Javid, já terá transmitido esta solicitação ao procurador-geral dos EUA, Jeff Sessions.
De acordo com o periódico, que teve acesso a uma carta enviada por Javid, Londres considera que existem mais possibilidades de garantir uma condenação caso os dois suspeitos, que se encontram detidos na Síria desde janeiro, sejam julgados nos Estados Unidos.
Os dois cidadãos britânicos em causa, Alexanda Kotey e El Shafee Elsheikh, são supostos membros da célula do EI conhecida por “The Beatles”, e que segundo as autoridades norte-americanas é responsável por “sequestrar e decapitar cerca de duas dezenas de reféns, incluindo vários ocidentais”.
Segundo indiciou o Departamento de Estado, em Janeiro, entre os executados ocidentais encontram-se três vítimas norte-americanas: os jornalistas James Foley e Steven Sotloff, e ainda o ex-militar Peter Kassig, que integrava uma organização não-governamental.
O Ministério do Interior britânico escusou-se a comentar o conteúdo da carta citada pelo “Daily Telegraph”, mas recordou que o Governo defende o encerramento do centro de detenção dos EUA em Guatánamo (Cuba), um dos possíveis destinos para Kotey e Elsheikh.