O Parlamento do Sudão do Sul aprovou um projecto de lei que prolonga, durante três anos, o mandato das autoridades de transição, incluindo o do Presidente Salva Kiir, o que poderá prejudicar as actuais negociações de paz.
Desde 2015, ano em que o primeiro acordo de paz foi assinado, que o Sudão do Sul é gerido por autoridades de transição, tanto a nível executivo como legislativo, até às eleições planeadas para Agosto deste ano.
O projecto de lei argumenta que o prolongamento do mandato das autoridades é fundamental para impedir a abertura de um vazio institucional.
“Acreditamos que o projecto de lei é legal e que o Governo deveria ter um novo mandato até que seja assinado um (novo) acordo (de paz)”, afirmou Gabriel Roricjur, líder da oposição no parlamento, de acordo com a AFP, agência de notícias francesa.
Mas as interpretações da lei aprovada em Juba divergem.
Um deputado, que pediu anonimato, disse à agência francesa AFP, que acredita que o Governo e o chefe de Estado “não estão preparados para assinar um acordo de paz com os rebeldes”.
As negociações entre o Presidente Kiir e o líder da oposição armada e antigo vice-Presidente, Riek Machar, foram relançadas pela Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento do Leste da África (IGAD, na sigla inglesa)
Os dois homens acordaram um cessar-fogo, que se tornou efectivo no dia 30 de Junho, e retiraram as suas forças das “zonas urbanas” do país no início de julho, de acordo com as negociações de paz realizadas em Cartum.
Ambas as partes, também, assinaram um acordo para partilhar o poder num futuro período de transição política, que visa o regresso de Machar à vice-Presidência.
As conversações directas entre as duas partes continuam, e têm como objectivo alcançar uma solução para o conflito no Sudão do Sul.
Os dois lados sul-sudaneses protagonizam confrontos desde o final de 2013, apenas dois anos depois da independência do Sudão do Sul relativamente ao Sudão, transformando-se num conflito de base étnica entre as tribos dinka, de Kiir, e nuer, à qual pertence Machar.
O conflito sul-sudanês já causou milhares de mortos e levou o país à beira da fome, com seis milhões de pessoas sem acesso a alimentos suficientes e quatro milhões de deslocados.