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Cultura

“O Fiel Defunto”, novo romance Germano Almeida é apresentado hoje em S. Vicente

Germano Almeida foi na semana passada anunciado como vencedor do Prémio Camões, tornando-se no segundo escritor cabo-verdiano, depois de Arménio Vieira, a obter o mais importante galardão da literatura de língua portuguesa. A distinção coincide com a edição do novo romance “O Fiel Defunto”, como sempre, com a chancela da Ilhéu Editora.
“Sempre disse que sou um contador de estórias e desta vez vou escrever um romance. Acho que é o meu primeiro romance”, afirmou o escritor em Agosto do ano passado, enquanto preparava o “O Fiel Defunto”, que é apresentado esta terça-feira, 29, logo mais às 18H30, no Centro Cultural do Mindelo, em São Vicente.
Para Ana Cordeiro, da Ilhéu Editora, “O Fiel Defunto” é mais um romance que se pode incluir no ciclo mindelense, ou seja, passa na cidade do Mindelo. É também, segundo diz, um pouco da continuação da preocupação que o Germano tem e que se pode perceber ao longo da sua obra, que é compreender a identidade e a vida de Cabo Verde.
“Este romance dá um seguimento muito interessante ao livro ‘O meu Poeta’, porque gira à volta do lançamento de um livro de um escritor, dos acontecimentos que rodeiam esse lançamento, e há um olhar sobre o que é ser escritor em Cabo Verde, não nos inícios dos anos 80 como aconteceu com ‘O meu Poeta’, mas agora no século XXI”, revela Ana Cordeiro.
Como refere a sinopse da obra, toda a gente foi apanhada de surpresa, pelo que ninguém tentou impedir o inesperado assassinato do mais conhecido e traduzido escritor das ilhas, momentos antes do início da cerimónia de apresentação do que acabou por ser a sua última obra. E, no entanto, nesse dia o vasto auditório transbordava de uma festiva multidão de fãs e outros curiosos, todos impacientes ante a expectativa de ter um autógrafo no já muito badalado livro que se preparavam para adquirir.
“De modo que a ninguém terá passado pela cabeça que um evento daquela natureza, sempre aguardado com geral e grande ansiedade, poderia vir a ter um desfecho tão inesperado quanto brutal, especialmente tendo em conta a qualidade das pessoas envolvidas na tragédia”, assim pode-se ler num pequeno trecho da sinopse do romance a que A NAÇÃO teve acesso. Ninguém sabe a razão desse assassinato. Depois entra o Estado e o modo como deve ou não proteger o escritor.
Esta obra, mais um romance passado em São Vicente, que conta “a história de um escritor que é assassinado com dois tiros no dia em que vai lançar um livro” mostra, mais uma vez, que a escrita de Germano Almeida vem acompanhando o que tem sido a evolução de Cabo Verde. Para Ana Cordeiro, o autor de Ilha Fantástica consegue escrever sobre a realidade, ficcionando, e isso reflecte-se na literatura.
“Germano lida com a Língua Portuguesa com enorme liberdade, para ele não há assuntos tabus nem uma linguagem tabu. Costumo dizer que ele consegue escrever em Crioulo usando a Língua Portuguesa”, afirma Cordeiro, concluindo que mais cedo ou mais tarde era óbvio que o prémio iria chegar.
‘O Fiel Defunto’ é o 17º título de Germano Almeida, sem dúvida, o mais prolífero do escritores cabo-verdianos, cujos livros estão publicados em países como Brasil, França, Espanha, Itália, Alemanha, Suécia, Holanda, Noruega, Dinamarca, Cuba, Estados Unidos, Bulgária e Suíça. Ou seja, seguramente também, o mais traduzido dos escritores cabo-verdianos.
ACN

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