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Saúde

Autismo e Síndrome de Down: Associações querem maior visibilidade e conscientização

A sociedade cabo-verdiana ainda “não sabe lidar” com patologias como o Síndrome de Down e o Autismo. Por isso, as associações como a “Colmeia” e “Down do Amor” prometem batalhar para dar visibilidade às pessoas com estes transtornos em Cabo Verde. As famílias estão, igualmente, preocupadas com o atendimento que é prestado nas instituições.
O Dia Mundial da Conscientização do Autismo, ou simplesmente Dia Mundial do Autismo, é assinalado, esta segunda-feira, 2 de Abril.
A data serve para ajudar a conscientizar a população mundial sobre o Autismo, um transtorno no desenvolvimento do cérebro, que afecta perto de 70 milhões de pessoas – em todo o mundo.
Antes, comemorou-se o Dia Internacional do Síndrome de Down (a 21 de Março), com o relançamento, em Cabo Verde, de uma colectividade que se dedica a essa problemática: a Associação das Pessoas com Síndrome de Down – “Down do Amor”, criada há dez anos.
Já a Associação de Pais e Amigos de Crianças e Jovens com Necessidades Especiais, “Colmeia”, foi criada a 16 de Abril de 2014, com o objectivo de trabalhar “o estigma das famílias e sensibilizar a população no conhecimento, melhor tratamento e seguimento” dos portadores do Síndrome de Down e Autismo.
Através do trabalho já desenvolvido – durante estes quatro anos -, segundo a presidente da “Colmeia”, Isabel Moniz, nota-se que em Cabo Verde há várias famílias com crianças, jovens e adultos com essas patologias, que, por “desconhecimento”, não têm recebido a devida atenção da sociedade.
“Crença popular”
Moniz sustenta mesmo que “a sociedade ainda não sabe lidar” com estes transtornos, “devido a uma crença popular” de achar que essas crianças não são capazes, “quando não é assim”.
“São capazes mas não têm oportunidades e, claro, assim não conseguem mostrar as suas aptidões. Já há algum trabalho feito a nível do país, mas temos que descentralizar essa acção, e levando-a para outras localidades e ilhas”, propõe Isabel Moniz.
O que realmente falta – de acordo com a interlocutora do A NAÇÃO -, são especialistas nesta matéria, mais conhecimento desta situação, respostas a nível da educação, do ensino, da protecção social, da solidariedade e de mais sensibilização da população para o conhecimento dessas causas.
Moniz acredita que “o principal foco para abordar essas questões é a família”, mas reconhece que “não adianta” trabalhar só a família, caso a sociedade não souber como lidar com essas pessoas, já que, “trabalhando a sociedade, teremos menos descriminação”.
Preocupações
O acompanhamento de pessoas com deficiências na escola, para aprendizagem, terapia a nível de hospitais, subsídio de deficiência, a cobertura a nível do sistema de previdência social, isenção de pagamento de consulta, transporte, acessibilidades, são, entre outras, as preocupações apontadas por Isabel Moniz, que pede “mais intervenção das organizações públicas e privadas”.
A criação ou instalação de serviços de reabilitação para quem nasceu com deficiência e para as pessoas que, no decorrer da vida, poderão contraí-la e a melhoria das leis, são outras questões que precisam de respostas – segundo a presidente da “Colmeia”.
“A clarificação, por parte do Governo, sobre a cobrança de consultas e taxas para pessoas com deficiência nas estruturas de saúde, são, também, outras preocupações manifestadas nos encontros com as autoridades de saúde”, revela.
De acordo com Moniz, as respostas existentes são insuficientes. “Estas queixas surgem dos pais que vivem nos centros urbanos. Imaginem agora, o que será dos das zonas rurais. Cabo Verde deve pensar, seriamente, na inclusão no seu todo, e mudar de paradigma e de mentalidade”, salienta.
Dar visibilidade
A Associação das Pessoas com Síndrome de Down – “Down do Amor”, relançada recentemente, na Cidade da Praia, depois de dez anos da sua fundação, promete “batalhar” para dar voz e visibilidade às pessoas com Síndrome de Down.
A presidente Carla Varela, durante a cerimónia de empossamento dos novos órgãos socais anunciou que um dos obejctivos da “Down do Amor” é lutar para a defesa e respeitos pelos direitos, bem-estar e inclusão. Para isso, espera contar com o apoio do Governo e dos ministérios na consciencialização das pessoas para “a importância da luta pelos direitos igualitários”.
“Queremos promover o bem-estar das pessoas com o Síndrome de Down e minimizar o sofrimento que elas passam, assim como as famílias que, para os proteger, preferem deixá-las no anonimato, devido às pressões sociais, em vez de socializá-las e integrá-las na comunidade”, vinca Carla Varela.
Pais preocupados
Os pais e/ou encarregados de educação de crianças com deficiências estão preocupados com os serviços de reabilitação em Cabo Verde, com destaque para terapia ocupacional, pagamentos das taxas hospitalares de consultas, entre outros.
Em relação à educação, defendem que “deve haver um melhor acompanhamento e um lugar apropriado para o aprendizado das crianças e jovens com deficiências”. “As famílias estão, igualmente preocupadas, com o atendimento que é prestado nos serviços, com destaque para os do domínio público”, nota a dirigente da “Colmeia”.
António Chantre Neves
 
 
 

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