Já foi criado o Pen Club de Cabo Verde, que passará a integrar o Pen Club Internacional, a maior organização mundial de escritores, com uma rede de centros Pen, em mais de 100 países. Defender a liberdade de expressão, dar a conhecer os escritores nacionais ao mundo e a criação do “Prémio Pen Cabo Verde de Literatura” são algumas das metas traçadas.
Para já, o Pen Cabo Verde nasce com 20 membros, e já elegeu os respectivos órgãos sociais, à excepção do Conselho Fiscal, vogais, e respectivos membros suplentes, que serão eleitos em Assembleia este sábado, 3 de Março, altura em que será também aprovada a “Carta da Praia, por uma Cidadania da Cultura”. Um manifesto pró-literatura, leitura, livro e cultura, tendo em conta que este clube de escritores quer contribuir para a promoção do livro, da leitura e da cultura, de uma forma geral.
Em entrevista ao A NAÇÃO, Joaquim Arena, mentor e presidente do Pen Club Cabo Verde, conta como surgiu a ideia de criar esta associação:
“Em 2009 fui contactado pelo Pen Club da Galiza que queria ser o ‘padrinho’ na constituição do Pen Club de Cabo Verde. Na altura contactei alguns escritores nacionais em Lisboa, para o efeito, e mandei os contactos para colegas, em Cabo Verde. Mas eu residia em Lisboa e o certo é que se perdeu e a coisa morreu. Tendo regressado há um ano, e vendo muita coisa acontecendo no universo literário – três encontros internacionais de escritores – e como também lancei o meu último livro cá, achei que era o momento de recuperar o projecto, mas desta vez contactei o Pen Club de Portugal, que se interessou e deu todo o apoio”.
Para já, os 20 fundadores do Pen Club compõe o “mínimo” estipulado pelo Pen Internacional, para o efeito, mas o objectivo é alargar o clube a mais amantes da literatura. “A ideia é, neste primeiro ano de mandato, aumentar o máximo de membros, trazer mais escritores (jornalistas com obra de mérito publicada, ensaístas, historiadores, romancistas, poetas, contistas, cronistas) editores e tradutores”.
APOIAR E PROMOVER
Até porque as vantagens em fazer parte deste clube são inúmeras para os escritores cabo-verdianos e extravasam as fronteiras nacionais. “Basta pensar que vamos fazer parte da maior organização mundial de escritores, com mais de 100 países filiados e centros Pen em todos os continentes. Uma rede que coloca em contacto, quer através de congressos, conferências e outras iniciativas, milhares de pessoas que vivem à volta da Literatura e não apenas escritores”, explica Joaquim Arena, que já chegou a participar em reuniões do Pen, onde estiveram mais de 40 países representados.
O principal objectivo do Pen Internacional, e pelo qual se vai reger também o Pen de Cabo Verde, é a defesa da liberdade de expressão e o apoio a escritores perseguidos, incluindo, jornalistas. “Tem tido intervenções em prol destes princípios, lideradas por escritores de renome internacional, como Margareth Atwood, Salman Rushdie. Não faria qualquer sentido Cabo Verde, os escritores cabo-verdianos, continuarem de fora, e o certo é que ganhamos mais estando dentro da organização”, destaca.
Escritores como Manuel Veiga e Oswaldo Osório já chegaram a participar, em 1990, em reuniões internacionais do Pen, pelo que retomar a presença de Cabo Verde nesse meio só irá aumentar a visibilidade dos escritores nacionais, diz o nosso interlocutor. “Fizeram declarações, leram comunicações. Esta é uma forma de dar a conhecer os nossos escritores e de estabelecerem contactos com seus colegas de outros países”.
Joaquim Arena acredita que não só os escritores sairão a ganhar, como a literatura, no seu todo, porque os “centros Pen também editam livros” e esta poderá ser uma forma de se apostar na internacionalização, um dos maiores constrangimentos ao desenvolvimento da literatura nacional.
PRÉMIO PEN CABO VERDE DE LITERATURA
Depois de constituídos todos os órgãos sociais, o clube irá dar início ao processo de adesão ao PEN Internacional, através do Pen Clube Português, mas tem mais iniciativas em carteira. Entre elas, a criação de workshops de escrita criativa, em parceria com as universidades públicas e privadas, tertúlias temáticas em livrarias, além de pretender estabelecer protocolos com várias instituições e organismos (ministérios da Cultura e Indústrias Criativas, Educação; Biblioteca Nacional, Municípios, pelouros da Cultura, Comissão Nacional da Unesco, IILP, Presidência da República, etc.).
A estes juntam-se a criação de um Prémio Pen Cabo Verde de Literatura, que irá distinguir obras de Poesia, Ficção e Ensaio, como uma forma de incentivar a produção literária de qualidade.
Outra das metas deste clube de escritores é estabelecer contactos com restantes Pen Club da sub-região, Espanha e Brasil, e participar em festivais e encontros literários, em representação dos escritores cabo-verdianos, de forma a promover e dar maior visibilidade aos autores nacionais.
Cabo Verde passa a ter Pen Clube de Escritores
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