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Opinião

Olhar 15

Natacha Magalhães

Quinzenalmente, um olhar sobre os temas que marcaram a atualidade nos mídia nacionais. Acontecimentos relevantes da semana passada, divulgados pelos media, e que não sendo essencialmente políticos ainda que protagonizados por figuras politicas, mostram que o bom e o menos bom que aconteceu


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1A Justiça cabo-verdiana marcou pontos. Dessa vez, ela foi justa, passe a redundância. Numa sentença sem precedentes, a juíza Ana Reis aplica pena pesada num julgamento relacionado com agressão e abuso sexual à mistura com ameaça de morte e chantagem e manda para cadeia os dois arguidos, irmãos, Rui Alves e Flávio Alves. Catorze e 33 anos de prisão efetiva é o tempo que os dois jovens irão passar na cadeia. Entretanto dizem que irão recorrer. Dada a natureza do crime e das suas repercussões tanto nas vítimas como nas famílias, essa sentença constitui um sinal positivo.

2As declarações da primeira-dama, na sequência do desaparecimento das duas crianças de Castelão (cidade da Praia). Lígia Fonseca foi a primeira figura pública a se pronunciar sobre o desaparecimento das duas crianças de Castelão. A primeira-dama exige respostas mais rápidas, chama a atenção para a gravidade da situação e diz que “dar informação não é dizer o que toda a gente já sabe”. E foi preciso vir à público a primeira-dama para surgirem reações de altas autoridades do país, nomeadamente do Governo e depois, da Presidência da Republica.

3. A criação, pelo Ministério Público, de uma equipa conjunta da Polícia Judiciária e Polícia Nacional para investigar o desaparecimento de crianças na cidade da Praia. A medida vem tarde. Causa impressão ver como se reage nesse país quando surgem casos do tipo. Isso vem de longe. Continua-se na lógica de “ladrão em casa, trancas à porta”. Não aprendemos com os erros, não tiramos lições e continuamos no ação-reação ao invés da prevenção. Se é de recursos que se fala, creio que não será difícil mobilizar meios para as equipas de investigação, assim como não o é para outras coisas menos importantes. E se for preciso pedir ajuda que se faça. A Cooperação Internacional deverá servir também para isso. Espera-se agora, que esta equipa seja capaz de ir informando a sociedade sobre os resultados da investigação. Não podemos é ficar nesse permanente silêncio. Não dizer tudo, mas dizer o essencial.

4. O Carnaval. Há que se reconhecer o que é bonito e bem feito. E o carnaval de São Vicente, considerado como maior do país, este ano, superou-se. Valeu a aposta na formação dos carnavaleiros que se deslocaram ao Brasil. Criatividade, arrojo e requinte marcam o desfile do carnaval na ilha de Monte Cara. O de São Nicolau, me parece, continua igual a si próprio, com os longos atrasos que já são a imagem de marca do entrudo saonicolaense, mas, que ainda assim, continua a encantar quem o assiste. O da Praia, caminha timidamente para a qualidade de um carnaval à altura da capital. Entretanto, é justo concordar com o presidente da câmara, Óscar Santos que diz que não se faz carnaval sem investimentos. Sim, o carnaval em Mindelo é uma tradição de anos, mas certo é também que avultados investimentos ajudam a “excelenciar” aquilo que já é muito bom. Com ais investimentos, menos amadorismo e mais criatividade dos carnavaleiros, a Praia, terá e poucos anos, seguramente um carnaval de elevada qualidade a todos os níveis.

5. A vitória de uma equipa de bancários cabo-verdianos no Global Management Challenge (GMC)-CGD Internacional. Um vitoria que merece nota já que a equipa da agência do BCA do Mindelo competiu com mais 31 equipas, que simularam o GMC, um jogo de simulação de gestão que funciona num ambiente de competição entre empresas virtuais, sendo sobretudo uma ferramenta de formação que possibilita aos participantes terem oportunidade de desenvolver competências no âmbito da gestão, mas também comportamentais, tais como o trabalho em equipa e aprendizagem interativa.

6. O Instituto Pedro Pires em parceria com o Projeto K-Mindz kriol campus promoveu na ilha do Fogo uma formação em programação, como forma de exploração e aprendizagem. Uma grande iniciativa para aproximar os nossos estudantes às Ciências e Tecnologias. De assinalar o equilíbrio de género entre os participantes, que permitiu que metade dos presentes fossem meninas que como se sabe, são as que menos escolhem as áreas das Ciências e das Tecnologias.

7. Dois grandes acontecimentos ligados à literatura: Mia Couto na Biblioteca Nacional fechou em grande o Morabeza- Festa do Livro. Mia conversou e tocou os presentes com as suas histórias, deixou recados e importantes reflexões. “Quem não conta histórias é pobre”, foi uma das várias frases marcantes que o escritor moçambicano deixou. Por outro lado, a iniciativa da E.Neves Papelaria, denominada “Autor do Mês”, que mensalmente passa a trazer à conversa com os amantes da literatura, autores nacionais. Numa cidade de poucos eventos culturais, particularmente à volta dos livros, esta iniciativa é se de destacar.

OLHAR EM CONTRAPONTOA

Câmara da Praia presenteia reclusos de São Martinho com televisores: justifica a autarquia que a prenda permitirá aos reclusos terem acesso à informação, ganhem estabilidade e tranquilidade emocional e ocupem os tempos livres. Nada de mal até aqui. Privados apenas de liberdade e não de outros direitos, pergunta-se, porém, se em troca da estabilidade emocional, os reclusos que cumprem penas menos graves, não poderiam também participar em algumas ações a favor da cidade que os presenteia, nomeadamente em tarefas de limpeza e manutenção de equipamentos sociais e espaços públicos da cidade? Seria certamente uma forma de contribuir para a sua reinserção social

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Há enteroparasitas (parasitas que se alojam no intestino) nas praias de Kebra Canela, Prainha e Gamboa. Um estudo realizado em dezembro concluiu que as águas estão contaminadas com parasitas e fatores contaminantes e que a infeção pode não estar diretamente associada à entrada de substâncias da ETAR para o mar, mas também pode ser fruto de contaminação humana. Uma situação séria e que preocupa sobretudo porque desconhece-se se são feitas análises periódicas à qualidade das águas balneares da capital e já agora, de outras praias do país. E confirmada que está a contaminação das referidas praias, não seria mais sensato informar a população e interditar as praias até que a situação se normalize? Ou será que é melhor deixar acontecer e depois logo se vê?

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