O presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Afonso Dhlakama, disse, em entrevista à Lusa, que Moçambique vai ser diferente do que é hoje, graças ao acordo sobre descentralização, alcançado com o Presidente da República (PR), Filipe Nyusi.
“Avançámos muito. Ninguém acredita que havemos chegado onde chegámos. Outras coisas poderão ser corrigidas no futuro, mas, de certeza, que Moçambique vai ser diferente do que é hoje”, referiu, em entrevista telefónica, a partir da Gorongosa, onde se encontra refugiado.
Nyusi anunciou, na quarta-feira, 7, que vai remeter à Assembleia da República (Parlamento) uma proposta de revisão pontual da Constituição, após consensos alcançados nas negociações de paz com Dhlakama.
A proposta de revisão prevê que os governadores das províncias e os administradores dos distritos deixem de ser indicados pelo poder central, para passarem a ser propostos pelas forças que vencerem as eleições para as assembleias provinciais e distritais.
Dhlakama considera que as conversações com Nyusi têm sido “um trabalho de sacrifício, de compreensão. Compreender as dificuldades de um e outro”.
“Se a Frelimo tivesse dito não, estaríamos agora em confrontação. Por isso, quero dizer: ninguém ganhou 100%, nem Frelimo, nem Nyusi, nem Dhlakama, mas o povo”, referiu.
O líder da Renamo espera que, até final de Março, também sejam alcançados consensos relativamente à outra comissão criada com Filipe Nyusi, no âmbito das negociações de paz, dedicada ao desarmamento, desmobilização e reintegração dos efetivos da Renamo nas forças armadas.
Dhlakama recorda emboscadas de que foi alvo em 2015 e referiu: “Uma vez concluído este dossiê, de certeza que poderei sair da Gorongosa e começar a morar, a viver nas cidades, normalmente”.