A baixa nos preços de produtos hortícolas tem trazido alívio e satisfação para os consumidores do mercado municipal de Assomada, em Santa Catarina. Com a cebola a 80 escudos, a couve a 100, a cenoura por 70 e o tomate a 50$00, quem se abastece localmente está sentindo um impacto positivo no orçamento familiar.
A redução de preços é reflexo de uma boa safra nas zonas rurais do município e regiões vizinhas, o que fez aumentar a oferta e reduziu os preços. A nova realidade tem sido especialmente bem recebida pelas donas de casa, responsáveis por equilibrar as contas e garantir comida de qualidade na mesa.
“Agora consigo fazer compras para a semana toda sem ultrapassar o orçamento”, disse ao A NAÇÃO Ana Lima, doméstica e mãe de três filhos. “O dinheiro já não rende como antes, então essa baixa nos preços ajuda muito.”
Enquanto os consumidores comemoram, do lado de quem vende os desafios são diários. A falta de infraestrutura adequada para conservar os produtos ainda é um grande entrave. Sem refrigeração ou locais apropriados para armazenamento, muitas vendedoras acabam perdendo parte dos seus produtos por deterioração.
“Há dias que é preciso deitar fora metade do que trouxemos porque não temos onde guardar. A gente perde muito”, lamenta Dona Júlia, que há mais de 20 anos vende hortícolas no mercado da Assomada.
Além disso, a ausência de estratégias para o escoamento dos produtos não vendidos no tempo certo agrava a situação. O desperdício é grande e os prejuízos afectam directamente o sustento de várias famílias que dependem do pequeno comércio.
Apelo por melhorias no mercado
Tanto as vendedeiras quanto os consumidores pedem acções concretas por parte das autoridades locais e nacionais. Entre as reivindicações estão a reabilitação da infraestrutura do mercado, a criação de sistemas de refrigeração e o desenvolvimento de canais de distribuição que evitem perdas e valorizem o trabalho dos pequenos produtores e comerciantes. Aliás, algumas dessas reivindicações são antigas e recorrentes nos períodos de campanha eleitoral. Em Dezembro, recorde-se, houve mudança na Câmara Municipal de Santa Catarina.
Apesar da satisfação com os preços mais baixos, o cenário na Assomada revela um outro desequilíbrio: enquanto as famílias conseguem levar mais comida para casa, as mulheres que garantem esses alimentos nas bancas continuam lutando para não sair no prejuízo. Com a oferta, e não podendo armazenar os seus produtos, são obrigadas a reduzir o preço, segundo a lei da oferta e da procura.
Leliane Semedo – estagiária
